Novo álbum de Ian Ramil traz paternidade, consciência e uma nova era
27 de junho de 2023
O terceiro álbum do músico Ian Ramil, Tetein, chegou nas principais plataformas de streaming e posso dizer que é encantador acompanhar essa transição de eras. Ian é um compositor que sempre nos trouxe letras com duras críticas a “liberdade” imposta pela mídia e as falsas ideias de diretos iguais. No seu álbum anterior “Derivacivilização” a gente acompanhou um Ian, bravo, cansado de discursos vazios, de direitos cassados e da leiguice vulgar da grande maioria. Foi uma era exaustiva para todos nós.
Já em 2023, 8 anos após o seu álbum anterior, me deparo com um Ian ocupado com outras ideias, com uma propensão ao amor, focado em risos e sonidos de sua primeira filha Nina. Tetein, ainda traz esse Ian articulado, preocupado com o futuro (talvez até mais agora que tem um ser que é reflexo de suas ações), mas nessa nova fase, ele se mostra mais como pai e não como ser evocatório dos direitos civis. Vale frisar que Tetein, não é um disco sobre paternidade ou coisa do tipo, mas acaba que o tema está presente em todas as letras e te faz compreender essa nova relação do músico com a vida.
Confira o release do G1 sobre o novo disco:
No terceiro álbum, Tetein, Ian Ramil alinha músicas feitas em parcerias com Luiz Gabriel Lopes (O mundo é meu país), Poty (Lego efeito manada e Homem-bomba) e Juliana Cortes (Macho-rey, já apresentada em 2021 por Duda Brack no álbum Caco de vidro) no repertório quase inteiramente autoral do disco lançado na sexta-feira, 23 de junho, com capa que expõe pintura de Nina Ramil na foto de Carine Wallauer.
A exceção é a regravação da canção Chapeuzinho Vermelho, standard do cancioneiro infantil do compositor Braguinha (1907 – 2006) apresentado na lendária série Disquinho com arranjo do maestro Francisco Mignone (1897 – 1986).
A cantiga faz sentido quando se sabe que Tetein é disco gerado por Ian a partir do nascimento da filha do artista, Nina (a autora da pintura da capa), tendo sido gravado entre novembro de 2018 e janeiro de 2020.
O bichinho, Cantiga de Nina e Cantiga de Nina II também integram o repertório de um disco autoral adulto criado a partir do universo lúdico da infância.
Teletranporte, por exemplo, é música feita pelo artista gaúcho antes do primeiro disco, Ian (2012), mas somente ganhou letra cerca de dez anos depois quando, em tarde de sol no quarto da filha recém-nascida, Ramil se transportou mentalmente para a infância vivida em Rosário do Sul (RS) e escreveu os versos.
Já Mil pares foi música feita para Duda Brack, que preferiu gravar a já mencionada Macho-rey. Ian Ramil então ajustou Mil pares para o universo de Tetein, álbum em que buscou um equilíbrio entre potência e leveza.