A razão nobre que fez Robert Plant voltar a cantar “Stairway to Heaven”, segundo guitarrista
25 de outubro de 2023
Vocalista do Led Zeppelin passou 16 anos sem apresentar clássico ao vivo, mas quebrou o hiato no último sábado (21) por uma boa causa
Com o passar do tempo, Robert Plant deixou de se sentir ligado ao clássico “Stairway to Heaven”. Como o próprio vocalista do Led Zeppelin já destacou, a música saiu em 1971, quando tinha 23 anos e estava em outra fase da vida. Agora, aos 75, ele reconhece que é uma boa canção, mas não consegue mais identificar-se com a letra composta.
No entanto, uma boa causa fez o cantor esquecer de tais sentimentos conflitantes no último sábado (21). Andy Taylor, conhecido pelo trabalho como guitarrista no Duran Duran, organizou um evento em Oxfordshire, na Inglaterra, com o intuito de arrecadar dinheiro para a fundação The Cancer Platform (pertencente à The Cancer Awareness Trust) e ajudar pacientes com câncer — o próprio está com um tumor em estágio avançado.
Plant participou da ocasião como convidado especial e, pela primeira vez em 16 anos, cantou “Stairway to Heaven” ao vivo. Desde 2007, quando os membros remanescentes do Zeppelin se apresentaram juntos na O2 Arena, em Londres, o vocalista não executava o clássico.
Uma razão nobre fez com que quebrasse o hiato, segundo o guitarrista Kenwyn House (ex-Reef, Goldray) — que tocou ao lado do artista na recente apresentação a convite do técnico de guitarra de Taylor.
Conversando com o Led Zeppelin News (via Blabbermouth), o músico contou que não sabia sobre “Stairway to Heaven” fazer parte do setlist até o ensaio. Plant decidiu incluí-la depois que certo indivíduo doou uma grande quantia à The Cancer Plataform com a condição de que cantasse especificamente a faixa. O valor não foi revelado, mas está na casa dos seis dígitos — ou seja, entre 100 mil e 999 mil de, provavelmente, libras, a moeda oficial do Reino Unido.
“Uma pessoa doou muito dinheiro para ele cantar essa música. Há um bom ciclo de carma ao redor disso. Essa música levantou uma quantia de seis dígitos para a caridade.”
Vale destacar que o evento em questão era fechado e contou com um leilão de obras para ajudar no levantamento de fundos. Guy Pratt (baixista do Pink Floyd), Andrew Ridgeley (integrante do Wham!), David Palmer (baterista de artistas como Rod Stewart e Pet Shop Boys), Ella Henderson, entre outros nomes, também marcaram presença. Por meio do canal Fine Art Auction, foi transmitido no YouTube.
A relação de Robert Plant com o clássico
Quem acompanha a carreira de Robert Plant através de declarações à imprensa sabe que o cantor do Led Zeppelin nunca nutriu os sentimentos mais positivos em relação a “Stariway to Heaven”.
Durante entrevista ao jornalista Dan Rather (transcrita pelo Alternative Nation) em 2019, o vocalista reconheceu as qualidades da canção. Porém, explicou o que o leva a não incluir em seu repertório.
“Não tem a ver com ser a minha favorita ou não, é apenas pelo fato de pertencer a uma época particular. Se eu estivesse envolvido na instrumentação, sentiria que é uma música magnífica, com sua personalidade própria. Até se assemelha a coisas mais sofisticadas. Mas minha contribuição foi apenas fazer as letras e cantar sobre o destino, algo muito britânico e quase abstrato.”
Atualmente com mais de 70 anos, Plant não consegue se associar com algo que escreveu quando tinha 23.
“Acho que conforme o tempo passa, você encontra outra fase de sua vida mais substancial, que ocorreu relativamente mais tarde. Então, embora eu goste, não estou ligado a ela.”
No mesmo ano, Robert falou ao Ultimate Classic Rock Nights e reafirmou as qualidades da composição.
“Olho para ela e tiro o chapéu, acho que há partes incríveis. A forma como Jimmy (Page, guitarrista) conduz, como a bateria chega quase ao clímax e, depois, continua… é uma música muito bonita. Porém, em termos de letras e até de vocais, eu não me sinto tão confortável.”
Led Zeppelin e “Stairway to Heaven”
Lançada no álbum “Led Zeppelin IV” (1971), “Stairway to Heaven” se tornou a música mais tocada em rádios na história, mesmo não tendo sido lançada como single. Calcula-se que ainda seja tocada cerca de 4,2 mil vezes por ano nas principais estações de rock nos Estados Unidos.
Em tempos remotos, a canção foi usada por religiosos fanáticos como exemplo de mensagens invertidas de cunho satânico no rock. Recentemente, voltou a polemizar por conta de uma acusação de plágio da música “Taurus”, do grupo Spirit.