MACHINE HEAD ENTREGA O QUE PROMETE EM SHOW INCENDIÁRIO
31 de outubro de 2023
Por Carlos Eduardo Oliveira
Há muitas camadas a ressaltar em uma das melhores apresentações de sons pesados do ano. Primeiro, o “faminto” público, que lotou o Tokyo Maine Hall em noite de domingo paulistano pra lá de chuvoso – após estrear em Curitiba, a turnê An Evening with Machine Head visitou Rio e São Paulo.
Depois, o sincero “coração no bico da chuteira” da banda. Sim, o quarteto californiano entregou o que prometeu. Há um ponto bem humorado e irreverente a ressaltar: lá pelas tantas, show em ebulição, galera em êxtase, e o guitarrista e fundador Robb Flynn anuncia: “é hora do cover que sempre fazemos. Vocês vão escolher”. E dá quatro opções:
1)Sepultura
2) Slayer
3) Blink 182
4) Iron Maiden
Ao melhor estilo programa de auditório das antigas, o hino “Seasons In the Abyss”, do Slayer, é o eleito, seguido de perto pelo berreiro em favor de “Hallowed Be Thy Name”, da Donzela de Ferro. E o Machine Head ataca de Blink 182, para gargalhadas gerais. “O que tem de mais”?, zoa Rob Flynn. “Mas se vocês querem Slayer, Slayer terão”, diz, para então emendar uma releitura insana de “Seasons…”, que encheria Tom Araya & parceiros de orgulho. Misancene ou não, o fato é que o “truque” funciona.
Mas houve muito, muito mais. O quarteto já entrou em cena com o jogo ganho, e a roda de pogo evocada por Flynn assim que pisou no palco durou até o fim do show. Carismático, o músico ergueu diversos “cheers” regados a cerveja.
Curiosamente, assim como o guitarrista Wacław Kiełtyka e o baixista Jared MacEachern, Flynn trocou de guitarras praticamente entre todas as músicas. Entre Flynn e Kiełtyka a alquimia funciona com a alternância de solos e riffs e, por vezes com momentos inspiradíssimos de guitarras “gêmeas”. Em algumas passagens, Kiełtyka faz bases atonais monocórdicas, ao melhor estilo industrial rock, para os solos de Flynn.
Foram exatas 20 pauladas, com faixas de praticamente todas as fases da banda, incluindo clássicos do quilate de “Imperium”, “Bulldozer”, “Ten Ton Hammer”, “Davidian”, “The Blood, The Sweat, The Tears”, etc.
Muito além de pioneiro da dita New Wave of American Heavy Metal (“Nova Onda do Metal Americano”), o Machine Head inscreve-se no alto do pódio do escalão intermediário do metal. Porque as vagas do “andar de cima” todos sabemos a quem pertence.