Rob Halford e a luta pela sobriedade: “Cada dia é uma batalha, mas vale a pena”

6 de fevereiro de 2025

Rob Halford não é apenas o Deus do Metal, ele também é um sobrevivente. Aos 72 anos, o vocalista do Judas Priest carrega quase quatro décadas de sobriedade, um feito que ele não minimiza. Em uma nova entrevista, Halford falou sobre a importância de manter uma mentalidade positiva, sua luta contra a depressão e como a fé e a música o ajudaram a seguir firme no caminho longe das substâncias.

A relação do metal com o estilo de vida “sexo, drogas e rock ‘n’ roll” é quase um clichê, mas para Halford, essa realidade quase custou sua carreira — e sua vida. Desde que entrou em reabilitação em 1986, ele tem trabalhado diariamente para manter a sobriedade, e seus discursos sobre o tema são tão intensos quanto seus vocais estrondosos.

Para Halford, um dos maiores aprendizados da sobriedade é viver o presente. “Minha sobriedade me ensinou a importância de viver um dia de cada vez. Não faz sentido se preocupar com o amanhã porque ele ainda não aconteceu. Ontem já passou. Você pode aprender com ele, mas não pode mudá-lo”, disse ele em uma conversa com Lyndsey Parker, do Gold Derby.

O vocalista também foi aberto sobre suas batalhas com a depressão, tanto antes quanto depois de parar de beber. “A depressão me atingiu forte. Não só quando eu bebia, mas mesmo depois de parar. Acho que isso vem do meu DNA, da minha mãe, da minha família. Mas eu consegui superar. Não fiz terapia, mas me dediquei a entender o que estava acontecendo comigo. Algumas pessoas precisam de tratamento, e tudo bem. Mas muitas vezes, a gente mesmo se afunda no estresse e nos pensamentos negativos.”

Para manter a mente no lugar, Halford tem um ritual diário: orações pela manhã e antes de dormir. Pode parecer inusitado para um astro do metal, mas ele garante que isso o ajuda a manter a clareza. “A negatividade destrói, não constrói. Então, tudo o que eu puder fazer para permanecer na luz, eu faço.”

Não é segredo que a estrada pode ser um lugar difícil para quem luta contra o vício. Festas nos bastidores, fãs oferecendo bebidas, companheiros de banda relaxando com algumas cervejas depois do show – e Halford já viu de tudo. Mas ele aprendeu a ignorar esse pequeno “diabinho da cerveja” que às vezes aparece no seu ombro.

“Eu vivo um dia de cada vez há quase 40 anos. E isso é tudo o que importa. Quando estou assistindo a um jogo de futebol americano e aparece um comercial de cerveja, eu sei que é uma tentação. Mas você tem que ter as ferramentas mentais prontas para passar por isso. Porque é sobre momentos. Um dia de cada vez”, explicou ele.

Halford também deixou claro que nunca impôs sua escolha à banda. “Eu nunca disse para os caras do Judas Priest ‘vocês não podem beber’. Isso não cabe a mim. O que cabe a mim é controlar o que eu faço. Eu estaria sendo um hipócrita se tentasse ditar regras. Eu só sei que, para mim, um gole de cerveja levaria a algo muito pior. Eu não quero voltar a ser aquela pessoa. Eu era infeliz. Eu era cruel com as pessoas. E nunca mais quero estar naquele lugar.”

Halford tem plena noção de que sua música ajudou fãs ao redor do mundo a passarem por momentos difíceis – e ele sente essa conexão todas as vezes que sobe ao palco. “As pessoas já me disseram que ouvir uma música do Judas Priest as ajudou a superar um dia ruim. Ou que uma faixa nossa as fez chorar, as fez sentir algo. Esse é o poder do rock e do metal. E essa troca de energia é o que faz cada show ser especial para mim.”

“Muita gente pergunta: ‘Por que você está sempre rezando?’ Eu não estou sempre rezando. Mas digo: tente. O que você tem a perder? Nada. O que tem a ganhar? Tudo. Apenas feche os olhos por 30 segundos e faça uma oração pela serenidade. Você tem que trabalhar nisso. É como o amor. Você não pode esperar que as coisas venham até você. Você tem que se dedicar.”

“Eu não penso no passado ou no futuro. Eu vivo o agora. E sou grato por ter conseguido chegar até aqui sem escorregar. Se eu não tivesse, quem sabe onde eu estaria hoje?”

A história de Halford é um lembrete de que, mesmo no mundo do rock, onde excessos são quase uma regra, é possível mudar, encontrar um novo caminho e continuar fazendo o que ama. E, se depender dele, o metal continuará sendo seu combustível – mas sem álcool, sem drogas, só com pura energia e paixão.

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