Bruna Pena lança “PA VÊ”: um pop alternativo dançante que provoca os sentidos

20 de agosto de 2025

Single mistura crítica cultural, humor ácido, desejo e comida – um banquete sensorial que convida à dança e à reflexão é uma prévia do grande lançamento do primeiro álbum solo da multiartista, cantando em  “Língua Solta”. 

Está no ar, desde de 07 de agosto, em todas as plataformas digitais, o mais novo lançamento da multiartista curitibana Bruna Pena, o single “PA VÊ”. Com produção musical de Henrique Gela, a faixa é um pop alternativo dançante, que combina sensualidade sutil, crítica cultural e humor ácido, explorando as camadas simbólicas da palavra “comer”, entre o olhar, o desejo e o consumo. O lançamento antecipa o aguardado álbum “Língua Solta”, que chega no dia 21 de agosto.

Especialista em direção de vídeos gastronômicos e publicidade de alimentos (e uma taurina assumida apaixonada por comida) Bruna traduz sua relação íntima com o ato de comer para a linguagem musical:

“A gente come pra viver, mas também pra sentir. Comer é físico, emocional, político. Não é só nutrição, é desejo, afeto, digestão do mundo”, afirma a artista.

Inspirada por leituras do filósofo Byung-Chul Han (em especial O Desaparecimento dos Rituais) e pelo Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, Bruna ironiza a cultura do imediatismo, um fast food emocional onde tudo pode ser acessado instantaneamente, da escolha de um prato via aplicativo a um corpo desejado. A canção, que mistura português, inglês e uma raspada no francês, utiliza essas línguas coloniais como ferramenta de subversão simbólica, invertendo a lógica de dominação ao “devorar” culturas para reinventá-las.

O título e refrão (“Tem ali / Alguma coisa / Tem pa vê / Pa comê”) fazem alusão à clássica piada de tiozão brasileiro – “é pra vê ou pra comê?” – ressignificada aqui com múltiplos sentidos. A composição transforma esse jogo linguístico em uma crítica bem-humorada à relação entre desejo e consumo, e aos modos como olhamos, desejamos e consumimos o outro (e a nós mesmos).

Na produção, Henrique Gela cria uma base leve e envolvente, com batidas eletrônicas, camadas vocais e texturas percussivas. O refrão se repete até se desconstruir em puro ritmo, dissolvendo o significado literal e ressaltando o papel da musicalidade da palavra. Elementos como “croissant” e “cassoulet” aparecem na letra como símbolos de classe e desejo gourmetizado, ampliando o campo semântico da faixa.

A capa do álbum Língua Solta foi desenhada pelo artista gráfico Gustavo Rocha na foto de Carol Castanho. 

“Língua Solta”: um banquete de coragem, identidade e expressão

O álbum “Língua Solta”, que estreia nas plataformas digitais no dia 21 de agosto, é uma obra conceitual dividida em três atos narrativos: Mergulho, Colapso e Travessia. Bruna descreve o disco como um manifesto criativo, nascido do atrito entre o que ela é e o que esperam que ela seja. “Disseram que coragem é coisa de quem vai com medo, fazer esse álbum foi isso. Me olhar no espelho e me reconhecer, no que era meu e no que era do outro, do meu contexto. Entender que medos (e esse mundo bota um tanto de medo na gente!) ainda me imobilizavam de fazer as coisas que eu amo. E fazer, cantar, amar, mesmo que ainda com medo, até que o movimento voltasse a ser natural. Até que não existisse mais medo (ou só uma parte mais saudável)”, compartilha.

O disco, que é essencialmente pop alternativo, percorre gêneros como trip hop, dub, reggae e eletrônica experimental, acompanhando a jornada emocional e política de Bruna. “Língua Solta” nasceu de um processo íntimo, iniciado em 2022 na casa do produtor Henrique Gela, e gravado em diferentes espaços – como a Dorsal Lab (SP), Arnica Cultural e estúdios de Gui Miúdo e Jaboticasa, em Curitiba. Parte das faixas surgiu a partir das poesias de Bruna musicadas por Henrique; outras nasceram das harmonias dele, que Bruna completou com letra e melodia.

O álbum reflete o atrito entre o interior da artista e o mundo, abordando não só medos pessoais, mas também questões sociais como a violência contra mulheres e os efeitos da cultura neoliberal – como a escassez de oportunidades, os padrões estéticos impostos pela mídia e a precarização da vida.

O disco conta com colaborações marcantes, começando pela capa com a foto de Carol Castanho e design gráfico de Gustavo Rocha. Na música, Denusa Castellain traz seu saxofone, e Lucas Ramos o trompete, nas faixas “duelo”, “feelings” e “lovin’ It”. A produção e participação do produtor Lemoskine aparecem em “car wash”, enquanto Lio, da banda Tuyo, colabora em “laya”, também dirigindo os vocais da faixa. Erica Silva produziu “destrambelhada”, que contou com participações de Rubia Divino, Klüber, Uyara Torrente, Maya e Noe Carvalho, além do sax de Audryn, integrante da Bananeira Brass Band. Jean Machado, também da banda Tuyo, criou as linhas de baixo para “lighter”, “try” e “ghost”.

Com faixas que vão da crueza confessional de “try” ao sarcasmo pop de “lovin’ It”, passando pela feitiçaria verbal de “língua solta” até o groove solar de “Lighter”, o álbum revela camadas profundas do processo de autoexpressão da artista.

Há também uma forte presença do imaginário gastronômico no disco, que atua como metáfora política e afetiva – da crítica à cultura do fast-food emocional à travessa vazia do banquete dos medos. Nesse contexto, “pa vê” surge como uma faixa leve e dançante que esconde uma reflexão densa sobre desejo, afeto e tempo.

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