A farsa digital do Velvet Sundown: IA, algoritmos e a música que (talvez) nunca existiu

1 de julho de 2025

Com uma explosão meteórica no Spotify — meio milhão de ouvintes mensais em apenas três semanas — a banda Velvet Sundown virou manchete no mundo da música. Só tem um problema: ela provavelmente não existe.

A suspeita, levantada pelo portal Music Business Worldwide e amplamente repercutida, é de que a “banda” seja um experimento de geração musical por inteligência artificial. Sem redes sociais, sem entrevistas, sem shows e sem qualquer vestígio de existência real, o grupo surgiu do nada com dois álbuns completos e capas misteriosamente bem resolvidas, cheias de estética retrô-californiana. Tudo isso embalado em textos promocionais recheados de frases vazias e… uma citação falsa da Billboard.

A situação levou a plataforma Deezer a agir rapidamente: agora, as páginas do Velvet Sundown na plataforma exibem um alerta — “Algumas faixas deste álbum podem ter sido criadas usando inteligência artificial”. Segundo a empresa francesa, seu sistema é capaz de detectar músicas criadas por IA a partir de ferramentas populares como Suno e Udio. Já Spotify e Apple Music, até o momento, seguem sem qualquer tipo de aviso ou sinalização.

A Deezer também revelou que seu filtro é capaz de ser adaptado a praticamente qualquer ferramenta generativa, desde que se tenha acesso a exemplos suficientes para comparação.

Mas o Velvet Sundown nega tudo

Em postagens no X/Twitter, os responsáveis pela banda classificaram as acusações como “preguiçosas” e “sem evidência”, mesmo diante do fato de que seus membros — como o “mellotronista” Gabe Farrow ou o “percussionista de espírito livre” Orion ‘Rio’ Del Marnão existem fora da página do Spotify.

Apesar disso, as faixas começaram a aparecer em playlists genéricas como “Música de Guerra do Vietnã” e “Desert Driving”, que passaram a mudar de nome e descrição conforme o número de reproduções aumentava — o que levanta suspeitas sobre estratégias de manipulação algorítmica.

O caso acende o alerta para uma nova era no mercado fonográfico, onde inteligência artificial, algoritmos e ferramentas de recomendação podem lançar “carreiras” inteiras sem um músico sequer em estúdio. E coloca em xeque as políticas das plataformas sobre transparência e curadoria.

Para os ouvintes, fica a pergunta: o que faz uma banda ser “real”? A música em si? A performance ao vivo? A interação com fãs? Ou basta agradar o algoritmo?

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