Álbum silencioso de protesto contra mudanças na lei de direitos autorais ganha edição em vinil com faixa bônus de Paul McCartney

17 de novembro de 2025

Lançamento físico chega em dezembro e reforça debate sobre uso de músicas por modelos de IA sem autorização

O álbum silencioso que uniu mais de mil músicos em protesto contra as mudanças propostas pelo governo do Reino Unido na lei de direitos autorais será lançado em vinil no dia 8 de dezembro. A edição física traz uma faixa bônus inédita de Paul McCartney — uma gravação de estúdio vazio — reforçando a mensagem central da campanha.

O projeto, intitulado Is This What We Want?, foi lançado originalmente em fevereiro de 2025 e rapidamente entrou para o Top 40 das paradas britânicas, chamando atenção pelo formato: faixas compostas apenas por silêncio, gravadas em estúdios e salas de espetáculo vazias.
A escolha estética simboliza o impacto devastador que as mudanças na legislação poderiam causar na vida de músicos e trabalhadores da cadeia criativa.

O protesto: IA, direitos autorais e um futuro incerto

As mudanças propostas pelo governo britânico permitiriam que empresas de inteligência artificial treinassem seus modelos usando músicas sem autorização ou remuneração, exigindo que os artistas optassem proativamente por não participar, um modelo amplamente criticado por ser ineficaz e injusto.

Em nota, os organizadores explicaram que sistemas de “exclusão” são praticamente impossíveis de implementar e colocam um peso gigantesco nos músicos, especialmente os emergentes. Mesmo após forte reação negativa, o governo apenas recuou parcialmente e ainda não apresentou uma alternativa concreta.

Apesar disso, o governo tem rejeitado consecutivamente emendas que dariam aos detentores de direitos autorais transparência sobre quando suas obras são usadas por empresas de IA, enviando um sinal preocupante a criadores e produtores.

Paul McCartney e a força de um gesto simbólico

A edição em vinil, lançada pela The state51 Conspiracy, inclui uma faixa bônus feita por Paul McCartney, gravada em um estúdio vazio. Para Ed Newton-Rex, idealizador do álbum, a resposta deveria estar clara: “O governo precisa se comprometer a não entregar gratuitamente o trabalho de uma vida inteira dos músicos do país para empresas de inteligência artificial. Isso seria extremamente prejudicial para indústrias criativas que são líderes mundiais e só beneficiaria gigantes da tecnologia estrangeiros.”

Paul Sanders, fundador da The state51 Conspiracy, foi ainda mais direto: “Quando empresas de tecnologia pressionam governos para que lhes deem músicas de graça, não é para curar doenças ou alimentar famintos. É para criar milhões de músicas falsas e ficar com o lucro.”

Todo o lucro do vinil será destinado à Help Musicians, organização britânica que oferece apoio financeiro e emocional a profissionais da música, função que, segundo Sanders, deveria ser devidamente assumida pelo governo.

A pressão do setor criativo fez o governo britânico formar grupos de trabalho envolvendo gravadoras, empresas de tecnologia e especialistas em direitos autorais. A promessa é buscar um equilíbrio que garanta proteção legal para artistas sem travar debates sobre IA e inovação.

A lista completa dos músicos envolvidos no projeto pode ser conferida no site oficial da campanha.

Via Music Week

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