
APÓS SUCESSO, FESTIVAL BANGERS OPEN AIR ANUNCIA EDIÇÃO 2026
13 de maio de 2025
Por Carlos Eduardo Oliveira
O sucesso traz consequências. No caso do Bangers Open Air, uma delas foi a confirmação da edição 2026 com a de 2025 ainda fresca entre o público de 30 mil roqueiros que celebrou o melhor do heavy metal em várias de suas vertentes no Memorial da América Latina, em São Paulo.
O festival ocorrerá nos dias 25 e 26 de Abril de 2026, voltando ao formato original de dois dias e mantendo o Memorial da América Latina como venue oficial.
Ingressos limitados na modalidade “Blind Tickets” (compra antecipada sem conhecimento dos artistas envolvidos) já estão inclusive à venda.
Há motivos a comemorar: além de uma edição artisticamente potente, com ótimos shows, o Bangers 2025 ocorreu sob o signo da boa organização: sem atrasos de shows, serviços fluindo naturalmente e, importante, sem ocorrências. Ao longo dos três dias, famílias circulavam pela venue e crianças eram presença notória (além de área kids, o acesso era free até 10 anos de idade).
E o melhor: o evento cumpriu com louvor a missão de andar “nas próprias pernas”, após dissociar-se do Summer Breeze Open Air, titulo anterior do festival.
Da abertura com Kissin’ Dynamite ao épico show de encerramento com o Avantasia, dezenas de ótimos decibéis rolaram, dos brasileiros Viper, Dorsal Atlântica e Black Pantera a HEAT, Dark Angel Destruction, Lacrimosa e muito mais. Aqui, um breve best of.
>Armored Saint:
Nada como ouvir boa musica outdoor numa sexta ensolarada ao cair da tarde. O Armored Saint atacou com tal fúria em cena como se este fosse seu derradeiro show, ganhando adesão maciça de um público que ainda chegava ao Memorial da América Latina. Muito da performance incendiária é crédito do cantor John Bush, de emblemática passagem também pelo Anthrax. Com talento, carisma e potência vocal, Bush segura o show “lá em cima” enquanto os guitarristas Phil Sandoval e Jeff Duncan dividem-se entre solos e bases, protagonizando ainda brilhantes passagens de “guitarras gêmeas” ao melhor estilo Thin Lizzy.
>Saxon:
Em meio a tantos segmentos e diversificações musicais, uma lufada de ar fresco veio através da boa e velha New Wave of British Heavy Metal Rock. Traduzindo: em plena forma, o Saxon literalmente matou a pau, na tarde-noite de sábado. Metal clássico em estado de arte. Para alguns, o melhor show do festival.
>Sabaton:
”Estávamos há seis meses sem tocar e vocês nos lembraram do prazer que é estar no palco. Isso vai influenciar nossas decisões futuras de turnês”. Desmanchando-se para os fãs, o baixista Pár Sunstrom resumiu a conexão banda-plateia. Escola certeira da curadoria do festival, os suecos entregaram um show monumental, com ares de superprodução, muita fumaça, efeitos e labaredas. Power metal, progressive, chame do que quiser: acima de tudo, um grande show de rock. E com a suprema pegadinha da guitarra Hello Kitty cor-de-rosa do musculoso cantor Joakim Bróden.
>Kerry King:
Em entrevistas, o guitarrista ex-Slayer declara que Mark Osegueda era o cantor certo no lugar certo na hora certa. E tem razão: o que a dupla – e mais o ex-Machine Head Phil Demmel na guitarra, e outro ex-Slayer, Paul Bostaph, nas baquetas – entregou no show de domingo à tarde já entra para os anais do Bangers Open Air. Pra cooptar um título do Sepultura, uma devastação bestial. Em meio às virulentas faixas do recém lançado From Hell I Rise, um King em modo generoso despejou três pedradas do Slayer: juntas, “Disciple”, “Raining Blood” e “Black Magic” detonaram a maior roda mosh de todo o evento. Coube até cover (spoiler de trocadilho pobre) “matador” do Iron Maiden dos primórdios (“Killers“). Com bons quilos a menos de correntes penduradas no figurino que o comum, Kerry King sendo Kerry King entrou mudo e saiu calado.
>W.A.S.P.
O veterano cantor/guitarrista Black Lawlless derrubou alguns milhares de queixos: correndo por fora, o W.A.S.P. foi dos momentos marcantes de todo o festival. Ao replicar na íntegra o marcante álbum homônimo de sua estreia (1984), Lawless proporcionou verdadeira masterclass de rock despretensioso e ultra-pesado: intensa movimentação de palco – destaque para o insano baixista Mike Duda –, solos incandescentes da Fender Stratocaster do guitarrista Doug Blair e uma perfomance animalesca do baterista Aquiles Priester – o brasileiro inclusive fez um emocionado discurso de agradecimento, para delírio dos patrícios. Beirando os 70 anos, Lawless, ao melhor estilo Paul Stanley, ainda sabe lidar com a massa em cena. De quebra, o cover sincerão de “The Real Me” (The Who), que pouca gente reconheceu.
>Glenn Hughes:
O showzão do baixista demorou um pouco a engrenar: o trinômio sexta à noite + cerveja + festival de rock, deixou o público resenhando por um tempo, até entrar de vez na vibe, que dai em diante foi espetacular: à abertura com “Stormbringer” e “Might Just Take Your Life”, seguiram-se versões estendidas de outros tesouros das fases MK III e MK IV do Deep Purple, com direito a “Gettin’ Tighter” sendo dedicada “a meu irmão Tommy Bolin” (guitarrista, 1951-1976) e “Burn”, fechando o set. “Inteiro” aos 73 anos, Hughes dá aulas de extensão vocal das notas agudas, ditando o ritmo no baixo. E prometeu voltar em novembro.
>Doro Pesh
Ao final do show, a Rainha do Metal parecia em êxtase, incrédula no teor “nitroglicerínico” de sua apresentação e o grau de comunhão com o público, que literalmente a envolveu com overdoses de carinho e genuína admiração. Uma hora de metal “tradicional”, com direito a todos os deliciosos clichês do gênero, e a entrega total da cantora alemã. Destaque ainda para a performance do guitarrista brasileiro Bill Hudson e a homenagem a Judas Priest – “Breaking the Law” tocou fogo no Memorial da América Latina.
>Kamelot:
Por conta de desistências de última hora, a banda americana subiu duas vezes em dias diferentes aos palcos do Bangers Open Air, com ligeiras diferenças de setlists entre si. E quase tropeça no excesso de pompa. Mas em ambas, o seguro cantor Tommy Karevik conseguiu manter a sintonia do metal sinfônico/progressivo do grupo com a plateia, com muita teatralidade e o auxilio luxuoso (e coadjuvante) das vocalistas Melissa Bonny e Adrienne Cowan.
>Paradise Lost:
Antes da execução da épica “Faith Divides Us – Death Unites Us”, o cantor Nick Holmes destilou bom humor: “esta é dedicada ao sol”. Era até paradoxal: sob calor implacável de inicio de tarde, o quinteto britânico incendiava o ótimo séquito da banda presente, com pedradas de seu doom metal “gloomy”, passando em revista diferentes fases da longeva carreira do quinteto e incluindo hinos como “As I Die” e “The Last Time”.