
As músicas que moldaram Thom Yorke e influenciaram o Radiohead
22 de setembro de 2025
Ao longo de mais de 35 anos de carreira, Thom Yorke ajudou a redefinir o que significa ser uma banda de rock no século 21. À frente do Radiohead, o britânico consolidou-se como um dos artistas mais inovadores e inquietos do cenário musical, sempre disposto a testar novas sonoridades, explorar fronteiras eletrônicas e misturar texturas sonoras improváveis. Mas até mesmo um artista de vanguarda como Yorke carrega em sua bagagem um conjunto de músicas e ídolos que o inspiraram a construir sua identidade artística.
O impacto do R.E.M. e a conexão com Michael Stipe
Em participação no programa Desert Island Discs, da BBC, em 2019, Yorke destacou a importância do R.E.M. em sua formação. “Quando eu era criança, eles eram o elo entre o meu lado estudante de arte e o meu lado músico. Michael Stipe era meu herói, e agora sou amigo dele. É uma coisa estranha!”, contou. Essa admiração se transformaria em inspiração direta: a faixa “How To Disappear Completely”, de Kid A (2000), nasceu após uma conversa em que Stipe aconselhou Yorke a repetir mentalmente a frase “não estou aqui, isso não vai acontecer” para suportar os excessos da estrada. O resultado foi uma das canções mais etéreas e belas do Radiohead, descrita pelo próprio vocalista como “a coisa mais linda que já fizemos”.
Talking Heads e o nascimento do nome Radiohead
Outro marco foi o impacto que Talking Heads teve sobre Yorke. O próprio nome Radiohead foi tirado de uma música da banda, presente no álbum True Stories (1986). Mais do que isso, Yorke lembra a primeira vez em que ouviu Remain in Light (1980), de David Byrne e companhia: “foi como se uma bomba explodisse na minha cabeça. Nunca tinha ouvido nada parecido.” A influência se reflete na capacidade do Radiohead de abraçar a experimentação rítmica e a mistura de estilos.
Björk e a canção mais bela de todos os tempos
Entre tantas descobertas musicais, Yorke não esconde sua devoção por Björk. Ele já revelou que “Unravel”, do álbum Homogenic (1997), é a música mais bonita que já ouviu e chegou a tentar convencer o Radiohead a gravar um cover. Em 2007, lançou sua própria versão da canção em uma sessão ao vivo para a BBC, reforçando a ligação artística e espiritual com a islandesa.
Entre o clássico, o jazz e o experimental
A lista de favoritas de Yorke vai muito além do rock alternativo. Entre os nomes estão Neil Young, Nina Simone e até o compositor francês Maurice Ravel, mostrando o alcance de suas referências. O jazz aparece com Sidney Bechet, enquanto a eletrônica experimental vem representada por Squarepusher e AFX, reafirmando o gosto de Yorke por universos sonoros distintos.
Sidney Bechet and His New Orleans Feetwarmers – Blue Horizon
Nina Simone – Lilac Wine
Maurice Ravel – Le jardin féerique
Scott Walker – It’s Raining Today
Squarepusher & AFX – Freeman Hardy and Willis Acid
As 10 músicas preferidas de Thom Yorke
- Björk – Unravel
- Maurice Ravel – Le jardin féerique
- Scott Walker – It’s Raining Today
- Talking Heads – Born Under Punches
- Neil Young – After The Gold Rush
- R.E.M. – Talk About Passion
- Sidney Bechet and His New Orleans Feetwarmers – Blue Horizon
- Nina Simone – Lilac Wine
- Radiohead – How To Disappear Completely
Ao revisitar suas memórias musicais, Thom Yorke deixa claro que a identidade do Radiohead, e de seus outros projetos, como o The Smile, foi construída a partir de um diálogo constante com artistas que ousaram quebrar barreiras. Entre Björk, R.E.M., Talking Heads e tantos outros, suas escolhas revelam não só suas influências, mas também a essência de um músico que transformou inquietação em arte atemporal.