FESTIVAL GP WEEK: THE KILLERS ROUBA A CENA

16 de novembro de 2022

Por Carlos Eduardo Oliveira

O Allianz Park lotado (50 mil pessoas) dava a senha: coincidência ou não, o conceito de um festival pop rock no mesmo final de semana da Fórmula 1 em São Paulo foi um acerto. Que venham mais edições do Festival GP Week.

Aliás, através das “aspas roubadas”, diferentes sotaques aqui e ali, era possível perceber gente de fora de São Paulo que “casou” o rock com o bater-cartão no autódromo de Interlagos.

Ao longo da tarde, Fresno, o pop punk de The Band Camino e o eletro indie do Hot Chip fizeram as honras. Com arranjos diferenciados para alguns de seus hits, o Hot Chip agradou bastante a quem já estava na arena.

A (quase) chegada ao mainstream de atos como o Twenty One Pilots dá a real dimensão da força das mídias sociais. Com apenas duas ou três músicas, piruetas, saltos mortais, muita aeróbica e pirotecnias ganharam o público de saída.

Para não-iniciados, parecia faltar o óbvio: boas canções.

Ainda assim, sua escalação foi um acerto da curadoria do festival: muito fã dos Killers – o “exército” da noite – embarcou de braços abertos na viagem proposta pelo duo ianque de hip hop alternativo de Columbus, Ohio.

Que joga pra torcida: ao longo do show, coreografias de lanternas de celulares, incontáveis coros onomatopeicos, o vocalista Tyler Joseph escalando a estrutura lateral da torre de som – cara corajoso, poderia ter usado a escada interna – e cantando lá do alto, no meio do público, e a cereja do bolo: sobre uma estrutura de madeira, o baterista Josh Dun tocando seu instrumento sobre as primeiras filas da pista premium – amparado pelas mãos do público!

As estruturas musicais simplórias ganham um pouco de cor quando uma banda de apoio entra em cena, oferecendo texturas mais interessantes. É quando os “pilotos” surfam seus melhores momentos.

The Killers
Com uma apresentação incendiária, o The Killers ratificou pertencer ao seleto alto clero de grupos com verniz headliner pra qualquer festival do planeta – não são muitos, aliás.

Em que pesem momentos de desaceleração mais intimista, ao vivo o synth pop assinatura do grupo dá lugar a uma “pegada” de banda alternativa “de consequência”, remetendo a congêneres como Smashing Pumpkins e REM, que detonam em cena com um som plural (ou detonavam, no caso do REM).

Fato intrigante em relação ao mega bem sucedido grupo de Las Vegas é a grandiloquência de suas apresentações, em comparação aos registros de estúdio.

Pegue-se como exemplo uma canção como “Human” (de “Day & Age”, 2008), que em shows ganha uma grandiosidade ausente da versão original, fato recorrente com outras músicas nas apresentações do quarteto.

Muito disso deve-se à incrível “cozinha” assinada pelo batera Ronnie Vannucci e pelo baixista Mark Stoermer (que não por coincidência, nas horas vagas toca no… Smashing Pumpkins). Músicos “raiz”, sem firulas, responsáveis pelo “corpo” do som ao vivo do The Killers.  

E, registra-se, em contraponto ao fraquinho guitarrista Dave Keuning. Por outro lado, no palco, é ele “quem manda”, através principalmente de postura corporal. Os músicos o seguem.

Outro acerto foi a adesão de teclados, um guitarrista-ritmo e três eficientes vocais de apoio, uma delas tocando violão e guitarra. Assim, há momentos com três guitarras em cena.

Carisma, leveza, graça e domínio cênico no limite do bom senso, sem nunca forçar barras ou exagerar na dose: ótimo cantor, Brandon Flowers é o frontman  completo.  

As quase duas horas de apresentação contemplaram todas as fases da carreira dos “assassinos”, com direito a praticamente todos os hits: Somebody Told Me, Jenny Was a Friend of Mine, When You Were Young, Smile Like You Mean It, a já citada Human, Read My Mind, All These Things That I’ve Done.

No bis, couberam Spaceman e Mr. Brightside, em versão mezzo acústica, que fechou a noite de gala.

Destaque ainda para For Reasons Unknown, com direito ao momento de glória do paranaense Rafael Silva que, a convite de Flowers, fez bonito na bateria.


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