“MEUS FILHOS ESCUTAM CHARLIE BROWN E RATOS DE PORÃO” Mike Muir, cantor do Suicidal Tendencies, fala da atual turnê e sobre a sua identificação com o Brasil

12 de julho de 2024

Em entrevista exclusiva à Mundo Livre FM, o gente boa Mike Muir, cantor do Suicidal Tendencies, fala da atual turnê pelo país e de sua identificação com o Brasil

Por Carlos Eduardo Oliveira

De óculos escuro, boné, bermuda e camiseta pretos, Mike Muir surge um pouco atrasado mas bem humorado, na fria manhã paulistana. Na sequência, o fundador, compositor e vocalista do Suicidal Tendencies, há décadas o alicerce da banda californiana, destilou simpatia em entrevista exclusiva à MUNDO LIVRE FM. Em sua enésima passagem pelo país, – o ST toca em Curitiba no próximo domingo, dia 14, no Tork’n’Roll –, o músico de 61 anos, ainda em plena forma física, mostra genuína empolgação ao falar de “Nós Somos Família”, single recém lançado com participação de vários de seus inúmeros amigos brasileiros, que empresta o nome à atual tour – o Brasil é o único país a receber o projeto.  

A faixa “Nós Somos Família”, versão para “We Are Family”, do disco “Freedumb” (1999), homenageia os (muitos) fãs brasileiros da banda californiana, com a participação, no vídeo, de muitos de seus amigos músicos (e até skatistas) brazucas: Supla, João Gordo, Badauí (CPM 22), B Negão (Planet Hemp), etc.


O ST versão 2024 conta com Muir (vocais), Dean Pleasants (Infectious Grooves, guitarra), Jay Weinberg (ex-Slipknot, bateria) e Tye Trujillo, de 19 anos, filho do ex-ST e atual Metallica, Rob Trujillo.

A “We Are Family Brasil Tour 2024” do Suicidal Tendencies começa no Rio em 12 de julho, passa dia 13 por São Paulo (headlining o Fest – os ingressos, gratuitos, estão esgotados), chega dia 14 a Curitiba, 16 em Florianópolis e finaliza dia 17, em Belo Horizonte.

Qual a origem do projeto “Nós Somos Família”?

Isso nasceu há tempos atrás, em uma das minhas vindas ao Brasil. Quando comecei a vir para cá com mais frequência, vi que era um lugar único. Conheci muita gente legal, músicos, e também skatistas, já que sou muito ligado à cultura do skate. Apesar da barreira da língua, pois ainda me atrapalho bastante com o português (risos), nasceu a vontade de um trabalho conjunto em homenagem aos fãs. Estou muito empolgado com ele, tenho sorte de achar pessoas amigas que se juntam para fazer música.  

Seu trabalho foi influenciado por toda uma cena de Venice (obs: área praiana de Los Angeles), quando você começou. Havia lá uma efervescência, culturalmente falando. Qual o tamanho dessa influência?

Muito grande. Obviamente, Venice é diferente de Idaho (risos). Esses dias estive em Santos, cidade legal, que tem uma vibe própria, é perto mas é muito diferente de São Paulo. É a mesma coisa entre Venice e Los Angeles e também Hollywood, que estão ali do lado. Naquela época, havia o metal, o punk, a new wave. Todos se achavam diferentes, mas eram todos iguais. Nós surgimos com uma proposta diferente, e Venice teve tudo a ver com isso.

Na época de dois dos mais importantes álbuns do ST, “Lights… Camera… Revolution” e, a seguir, “Art of Rebellion” (respectivamente, de 1990 e 1992), quando se esperava mais crossover, a banda surgiu com uma proposta mais melódica. E isso rendeu não só hits nas paradas, mas até uma indicação ao Grammy. Como vê, em retrospectiva, esse período?

Quando lançamos nosso primeiro álbum, falaram que era horrível. No segundo também. Já no terceiro disco, as coisas começaram a mudar. Veja, é tudo uma questão de progressão. Nunca quisemos repetir um disco, ou seguir uma fórmula esperada pelo mercado. Todos os nossos trabalhos são diferentes. E acho que essa é a principal razão de ainda estarmos por aí.  

Dentre as influências musicais do começo da carreira, há algo que anda toque em seu playlist atual?

Sim. Bastante coisa. Punk das antigas, por exemplo. Sex Pistols, etc. E olha que engraçado: sem que eu forçasse qualquer barra para influenciá-los, meus dois filhos mais novos, que têm 13 e 14 anos, estão indo pelo mesmo caminho. Eles me perguntam, tipo, “pai, que som é esse?”, e eu respondo. Aliás, outro dia descobriram bandas brasileiras, Ratos de Porão, Charlie Brown, e me perguntaram quem era. E eu vou explicando a eles.

Tags:

Peça sua música

Quer sugerir uma música para rolar na minha programação? É só preencher os campos abaixo:

Aplicativo

Você pode ouvir a rádio Mundo Livre direto no seu smartphone.

Disponível no Google Play Disponível na App Store

2024 © Mundo Livre FM. Todos os direitos reservados.