Morre Margarita Sansone, primeira-dama de Curitiba e criadora do primeiro restaurante popular do Brasil
20 de agosto de 2024
Por Portal G1
Morreu nesta terça-feira (20) a primeira-dama de Curitiba, Margarita Pericás Sansone, aos 79 anos. A morte foi em decorrência de um linfoma.
A notícia foi publicada nas redes sociais pelo marido dela, o prefeito Rafael Greca (PSD).
“Com profundo pesar e meu coração curitibano dilacerado, cumpro o doloroso dever de comunicar a passagem de minha amada Margarita Elisabeth Pericás Sansone de Macedo. Que os Anjos e os Santos A acompanhem com cânticos de glória até a cidade Santa de Jerusalém. Que o bem infinito que ela desejou aos Curitibinhas, suas famílias e, principalmente, aos mais vulneráveis seja o tom dessa sua despedida. Viverá para sempre em mim e em todos que a amam”, disse.
Na manhã de sexta-feira (16), Greca compartilhou que Margarita estava internada em estado grave no Hospital São Marcelino Champagnat, na capital.
O velório está previsto para às 10h de quarta-feira (21), no Memorial de Curitiba. Uma missa de despedida será realizada às 15h, e, na sequência, Margarita será sepultada no Cemitério Municipal São Francisco de Paula.
O prefeito pede que, ao invés de coroas em homenagem à primeira-dama, sejam destinadas doações de alimentos para o Banco de Alimentos ou artigos para o Disque Solidariedade, por meio do telefone 156.
Margarita se destacou pelo trabalho na área da assistência social da capital paranaense. Em 1993, ainda no primeiro mandato de Greca como prefeito de Curitiba, a primeira-dama criou a Fundação de Ação Social (FAS).
O órgão tem como objetivo implementar políticas de assistência social para a proteção de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e está em atividade até hoje.
Durante o período em que presidiu o Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC), Margarita foi responsável pela implementação do primeiro restaurante popular do Brasil, com refeições a preço simbólico de R$ 1.
Além disso, coordenou programas sociais como o “Vale Vovó”, no qual idosos em situação de vulnerabilidade recebiam uma cesta básica a cada dois meses.
A primeira-dama era companheira inseparável de Rafael Greca desde os anos 1980, a quem ele sempre se referia como “minha amada Margarita”.
Além do casamento, os dois compartilham também o amor por Curitiba: por mais de 30 anos a primeira-dama manteve uma coluna no jornal Gazeta do Povo. Nos textos, mantinha um olhar atencioso para a cidade e moradores.
As habilidades com as palavras vinham, em parte, da formação global: Margarita se formou em Língua e Literatura Francesa na Universidade de Nancy, na França. Estudou também Literatura, História da Arte e Arqueologia, em Roma, na Itália, e Economia, na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A primeira-dama falava espanhol, francês, catalão e italiano. Mas foi em português que publicou alguns livros, entre eles, “Sérgio Ferro, um Artista Brasileiro na Capela dos Fundadores”, com fotografias de Nani Góis.
O interesse pela arte e a cultura trouxeram frutos para a capital paranaense. Entre 1997 e 2000 ela foi presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e, durante a gestão, deu vida ao Museu da Fotografia e à Cinemateca.
Promoveu também exposições artísticas emblemáticas, como a mostra “Picasso em Curitiba”, que em 1988 recheou o Memorial de Curitiba com cerâmicas do artista espanhol – foi a primeira vez que a capital paranaense hospedou obras do cubista, em uma rara oportunidade de sentir a expressão do artista pessoalmente.
Amigos e instituições lamentam
Por meio das redes sociais, o governador do Paraná Ratinho Junior lamentou a morte de Margarita. Junto com uma foto em que aparece ao lado da primeira-dama e de Greca, Ratinho prestou solidariedade aos amigos e familiares.
“Eu perdi uma amiga, uma entusiasta do desenvolvimento do nosso Paraná. Genuinamente a Margarita simbolizava o amor: o amor pelo marido, o amor pela cidade que ajudou a cuidar e o amor pelo povo do Paraná. […] Descanse em paz sabendo que a nossa gratidão será permanente por tudo aquilo que você fez pela cidade”, afirmou o governador.
A morte de Margarita também foi lamentada pela Arquidiocese de Curitiba. Muito devota, Margarita visitou 18 vezes o Santo Papa João Paulo II, no Palácio Apostólico do Vaticano, por quem tinha profunda admiração.