Mulheres no Rock: Desafiando estereótipos e a falta de representatividade na música

8 de março de 2024

Ao longo das décadas, o rock, um dos gêneros musicais mais emblemáticos da cultura contemporânea, tem testemunhado uma evolução em termos de representatividade das mulheres. Inicialmente relegadas aos bastidores, as mulheres têm desempenhado papéis cada vez mais proeminentes na cena do rock, desafiando estereótipos e redefinindo os limites do gênero musical.

Desde os primeiros dias do rock’n’roll, quando o palco era dominado por figuras masculinas, até os dias atuais, onde artistas femininas se destacam em todos os aspectos da criação musical, a jornada das mulheres no rock tem sido marcada por conquistas e desafios inegáveis.

De vocalistas a guitarristas, baixistas a bateristas, compositoras a produtoras, as mulheres têm desempenhado papéis essenciais na música. Artistas como Joan Jett, Rita Lee, Janis Joplin e Patti Smith, entre muitas outras, emergiram como ícones, demonstrando talento e muita simpatia no palco.

Além disso, a diversidade de estilos e abordagens que as mulheres trazem para o rock é algo fundamental para o gênero. Do punk ao grunge, do rock clássico ao alternativo, as mulheres têm explorado uma grande variedade de estilos e temáticas, enriquecendo o estilo com suas percepções de mundo.

No entanto, essa jornada não tem sido isenta de desafios. As mulheres no rock têm enfrentado discriminação, sexismo e preconceito, lutando para superar estereótipos e padrões tradicionais da indústria musical.

Uma pesquisa conduzida pelo coletivo União das Mulheres do Underground Brasil revelou que, “entre março de 2017 e março de 2021, a presença feminina em bandas de rock e suas vertentes na cena independente brasileira tem sido significativa. No entanto, os números mostram uma distribuição desigual, com algumas regiões do país se destacando mais do que outras. Por exemplo, Curitiba figura como a terceira cidade brasileira com mais bandas compostas por mulheres, totalizando 35 grupos, o que representa 5,3% do total nacional. Essa estatística coloca Curitiba atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.”

Um novo estudo conduzido pela Annenberg Inclusion Initiative, da Universidade do Sul da Califórnia, lançou luz sobre a desigualdade de gênero na indústria musical, revelando números de uma realidade alarmante.

O relatório, compilado por um grupo de acadêmicos, teve como objetivo analisar o gênero e a raça/etnia de artistas, compositores e produtores nas 800 principais músicas lançadas entre 2012 a 2019, presentes nas listas de 100 melhores da Billboard. Os resultados mostram essa disparidade: menos de 23% do total de artistas e menos de 2% dos produtores eram mulheres.

Além disso, o estudo também investigou a representatividade feminina nas cinco principais categorias do Grammy, revelando que embora o número de mulheres indicadas tenha aumentado, o percentual de representação feminina totalizava apenas 28,1% na edição mais recente. Esse número representa um aumento significativo em comparação aos 6,4% registrados até 2017, mas ainda está longe de garantir a equidade de gênero.

Enquanto as mulheres ganhavam espaço em algumas categorias, como Rock, a representatividade feminina permanece em baixa nas outras áreas, como Hip Hop/Rap, onde apenas 12,3% das músicas eram executadas por mulheres. A análise também destacou uma discrepância entre artistas solo e mulheres em bandas, com apenas 7,3% das mulheres atuando em bandas. Além disso, menos de 1% das músicas tinham créditos exclusivamente femininos como compositoras.

É importante ressaltar que o estudo não apenas evidenciou a desigualdade de gênero, mas também apontou para a falta de representação de mulheres negras na produção musical. Das mais de 1.000 créditos de produção analisados, apenas oito foram atribuídos a mulheres negras.

Diante desses dados, é evidente que a indústria musical enfrenta desafios em relação à equidade de gênero e representatividade. A nomeação de um diretor de diversidade e inclusão pela Recording Academy, responsável pelo Grammy, é um passo importante, mas muito mais precisa ser feito para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas na indústria musical.

Angélica María Castellanos Correa, também conhecida como Angie Ramms, co-fundadora da página LVNA, dedicada à divulgação da cena metal nacional feminina, destaca a importância da representatividade feminina nas bandas de rock. Ela ressalta que a presença de mulheres nos palcos tem um impacto fundamental nas gerações futuras, incentivando outras meninas e mulheres a ocuparem esses espaços e almejarem o mesmo destaque.

Iniciativas como o Rock Camp Curitiba, que oferece oportunidades de aprendizado e apresentações para músicos iniciantes, incluindo 50% das vagas sociais, sem custo, são fundamentais para incentivar o surgimento de novas bandas femininas e promover a igualdade de gênero na indústria da música.

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