O lado obscuro do streaming: quase 3 milhões de músicas não têm sequer uma reprodução

12 de fevereiro de 2025

O streaming mudou a forma como consumimos música, tornando o acesso a novas faixas mais democrático e derrubando barreiras que antes existiam entre artistas independentes e grandes gravadoras. Mas, como revela um novo relatório da Luminate divulgado pela Metal Injection, a realidade do mercado digital é brutal: quase 3 milhões de músicas nas plataformas de streaming nunca foram tocadas nem uma única vez.

O estudo aponta que, apesar de uma avalanche diária de 99 mil novas faixas adicionadas ao streaming, a grande maioria delas nunca atinge sequer mil reproduções anuais — um número que, por conta das regras do Spotify, significa que esses artistas não recebem absolutamente nada por seu trabalho.

O relatório da Luminate, traz números que expõem um cenário preocupante:

  • 202 milhões de faixas estavam disponíveis nos serviços de streaming no final de 2024, um crescimento significativo em relação aos 184 milhões do ano anterior.
  • Dentre essas faixas, 93,2 milhões foram tocadas, no máximo, dez vezes.
  • 175,5 milhões de músicas não atingiram mil reproduções por ano, ou seja, não geraram nenhum centavo para seus criadores.
  • 95% dos artistas no Spotify têm menos de mil ouvintes mensais, um reflexo direto da dificuldade de conseguir espaço na plataforma.

Em outras palavras, o streaming é um oceano infinito de música, onde pouquíssimos artistas conseguem de fato ganhar dinheiro.

O modelo de streaming sempre foi vendido como uma forma de nivelar o jogo, dando a qualquer artista a chance de ser descoberto. Mas a realidade é que o mercado nunca esteve tão saturado. Com um volume absurdo de novas faixas entrando todos os dias, a disputa por atenção se tornou quase impossível para quem não tem um esquema bem estruturado de marketing e engajamento.

Lançar uma música já não basta. É preciso jogar o jogo do algoritmo, estar presente nas playlists certas e, principalmente, investir tempo e dinheiro para garantir visibilidade. E é aí que a briga fica desigual: grandes gravadoras e artistas estabelecidos têm toda uma estrutura para empurrar suas faixas para o topo, enquanto a maioria dos independentes fica soterrada sob milhões de lançamentos.

A política do Spotify de não pagar royalties para músicas que tenham menos de mil reproduções por ano é um golpe duríssimo para quem está começando. Isso significa que quase 87% do catálogo disponível no serviço não gera receita alguma.

O modelo de streaming, que antes parecia a solução definitiva para a indústria fonográfica, está mostrando suas falhas. A acessibilidade não significa mais oportunidades — pelo contrário, significa que o mercado está saturado a um nível insustentável.

Para os novos artistas, os desafios nunca foram tão grandes. Com o domínio dos algoritmos, as grandes playlists editoriais e o pagamento injusto, muitos já buscam alternativas, como plataformas descentralizadas, financiamento coletivo e venda direta de músicas e produtos.

O futuro do streaming pode passar por mudanças — seja por pressão dos músicos, seja por novas tendências de consumo. Mas, por enquanto, a realidade é clara: para a maioria dos artistas, lançar música hoje é um trabalho de alto risco e baixíssimo retorno financeiro.

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