O PIXIES QUASE TOCOU NOVAMENTE NA PEDREIRA NESSA TURNÊ

10 de outubro de 2022

Criador do Popload Festival, que traz a banda americana de volta ao Brasil essa semana, o jornalista Lucio Ribeiro afirma: “Curitiba é um grande player e continuaremos a promover shows de bandas legais na cidade”

Por Carlos Eduardo Oliveira  

Lorde, Wilco, Patti Smith, PJ Harvey, Phoenix, The XX, Tame Impala, Iggy Pop, Metronomy, Blondie, Luedji Luna, Emicida, Tim Bernardes, Silva, Cansei de Ser Sexy – e contando. Impressiona a lista de artistas e bandas legais que já passaram pelo palco do Popload Festival em seus oito anos de história, ou de seu “irmão de sangue”, as Popload Gigs, de shows únicos mais pontuais (exemplo recente: Billy Idol em São Paulo, “pescado” do Rock in Rio 2022).

Somando curadoria perfeita de ótimos shows, conforto e infraestrutura de primeira e um lado social que tenta permitir o acesso a fãs de bolsos menos privilegiados, o evento é um dos principais festivais de música do país, atualmente. E não se restringe a São Paulo: Curitiba já recebeu muitos shows da grife.

“E continuará recebendo”, garante o jornalista Lúcio Ribeiro, criador do festival, hoje uma ampla plataforma de conteúdo e eventos. “Curitiba é um grande player e parceiro nosso”.

Enquanto núcleo de produção cultural, como o Popload Festival atravessou a pandemia para chegar a mais uma edição?
Foi muito difícil, praticamente tivemos que zerar tudo e depois tentar voltar. Tive a sorte de ter vendido o Popload para a T4F (obs: gigante do entretenimento), empresa com approach econômico muito maior, senão estaria endividado até a cabeça para voltar para o jogo. E mesmo a T4F sofreu bastante, como todos.

O Memorial da América Latina, em São Paulo, era “a cara” do festival, que nesta edição migrou para o Centro Esportivo Tietê. Alguma razão especial para a mudança?
Embora o Memorial fosse a nossa cara, nós sempre mudamos. Passamos pelo Tom Brasil, a Audio, e outros. O Memorial é clássico, é central, mas é só cimento, e você ficar 12 horas num lugar que é só cimento, cansa mais. O Tietê é um parque, e festival em parque é outra coisa. É bem estruturado, com árvores e muito verde. Ganhamos muito com essa mudança.

Qual sua expectativa de público?
Ainda não estamos sold out (obs: “tudo vendido”), mas não está longe disso. Nossa expectativa é em torno de 15 mil pessoas. É o nosso tamanho. Pode ser que a gente almeje coisa maior no futuro, mas por enquanto está de bom tamanho.

Sobre a curadoria, escolha de bandas, etc: a palavra final é sua?
Até 2019 era minha e de minha ex-sócia, Paola Wescher. Hoje, a galera da T4F faz as negociações. O Popload é um misto de sorte e oportunidade, partindo de uma lista dos sonhos que quase nunca é realizada. Muitos artistas já têm uma agenda de prioridades na qual nem sempre o Brasil está. Uma coisa é o Lollapalooza e o Rock in Rio, que vão buscar bandas com um nível de dinheiro que é pro cara não deixar de aceitar. Nós, do Popload, ainda temos que disputar com o mercado asiático, as prioridades de EUA e Europa, nem sempre vem quem a gente quer. Então é tipo, “ah, mas não tem essa, mas tem essas outras duas”, e uma delas a gente pega. Claro, sempre num espectro de bandas que a gente gosta. E gostamos de muita coisa. Mas às vezes damos sorte de ser uma banda que a gente quer.

Falando em sorte, o novo disco dos Pixies acaba de ser lançado. Isso é sorte, né?
Sim! E um dos primeiros shows pós-lançamento do disco será com a gente.

Ao longo dos anos, uma das características do festival é um approach social, tentar ser inclusivo, em relação a quem não tem dinheiro para comprar ingressos, não?
Desde a primeira edição temos essa preocupação. Quando você faz shows internacionais no Brasil, não tem como o ingresso não ser caro. Então, para incluirmos a galera que quer ir mas não tem dinheiro, a saída foram ações sociais. Primeiro porque queríamos ajuda-los, depois porque seria um jeito de envolver pessoas de causas sociais bananas: ONGs em defesa de crianças, animais, imigrantes, sem-teto, transexuais, etc. E fomos ficando amigos da galera envolvida nessas causas, o que também nos ajudou. E nunca deixaremos de ter essas ações, porque além de ajudar quem precisa, proporciona a quem não tem grana ir a um show legal. Ficamos duplamente felizes.  



E quanto ao projeto de uma versão do Popload Festival em Curitiba?
Infelizmente não andou. Minha ex-sócia é de Curitiba, foi ela inclusive quem trouxe os Pixies naquele histórico show na Pedreira Paulo Leminski (2004). Hoje ela mora em Portugal. Mas já fizemos vários shows pontuais bem legais na cidade, Franz Ferdinand, Metronomy, Devendra Banhart, no Ópera de Arame e em outras casas. E faremos outros, sempre que possível. Curitiba continua sendo um player interessante pra gente. E posso te adiantar que o Pixies quase tocou lá nessa turnê, foi tentado na Pedreira nesta nova passagem pelo Brasil, mas infelizmente a negociação não evoluiu também porque eles não tinham mais datas disponíveis.  

Da chamada wishlist, a “lista dos desejos”, que artista ou banda gostaria de trazer ao festival, mas ainda não conseguiu?
Cara, tantas bandas! Muitas. The Smiths foi muito importantes em minha formação, minha banda predileta, por um tempo. Nunca trouxemos o Morrissey (ex-vocalista do grupo), embora ele esteja cancelado, ultimamente. Mas o Johnny Marr (ex-guitarrista do The Smiths) eu traria fácil se pudesse, caso rolasse a oportunidade.

Os shows do Jack White não são um tanto “sem sal”?
Eu adoro. Acho vigoroso. Uma das bandas da minha vida é o White Stripes, e ele toca sete ou oito músicas de sua ex-banda. O trabalho solo dele é forte, e o show atual tem um line-up power. Se no futuro eu tiver oportunidade, trago ele de novo. 
E quanto à Cat Power?
É um nome que a gente sempre gosta, um clássico que a gente traz. Eu a  quando tocava descalça e só com a guitarra. Acho-a cool, uma das artistas mais completas desde sempre. E é engraçado, porque você anuncia os Pixies e Jack White, e ela é um nome que salta aos olhos de muita galera de São Paulo.

A participação da Jup do Bairro vem no momento certo, não?
Sempre tentamos botar o máximo possível de bandas brasileiras no festival. Atualmente, a qualidade, no geral, é melhor do que quando começamos, há 20 anos. E hoje a Jup está com um show potente, forte, e discos ótimos. As agendas bateram, o nome dela ganhou força e hoje ela está no evento.
Muitos podem pesar que é “glamour” ser diretor de um festival de música descolado.
Não, não é. De certa forma é heroico. Como eu disse, em algumas situações – lançamentos, continuação de carreiras – o Brasil nem sempre é prioridade. E essa edição depois da pandemia foi particularmente difícil porque muitos artistas grandes já tinham que cumprir compromissos reagendados do lockdown.

POPLOAD FESTIVAL 2022
Data: 12 de outubro, quarta-feira
Local: Centro Esportivo Tietê – São Paulo/SP
Patrocínio: Heineken
Horário dos shows:

  • 11h – abertura de portões 
  • 12h10 – Jup do Bairro
  • 13h20 – Perotá Chingó
  • 14h40 – Fresno & Pitty
  • 16h – Cat Power
  • 17h30 – Chet Faker
  • 19h – Jack White
  • 20h45 – Pixies

Ingressos seguem disponíveis no site ticketsforfun.com.br (com taxa) ou na bilheteria oficial (sem taxa; no Teatro Renault. Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – República – S. Paulo-SP).

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