Paul McCartney Critica Proposta do Reino Unido Sobre Uso de IA em Criações Artísticas

29 de janeiro de 2025

Paul McCartney, lendário integrante dos Beatles e um dos maiores nomes da música mundial, expressou sua indignação contra uma proposta do governo britânico que busca modificar as leis de direitos autorais relacionadas ao uso de Inteligência Artificial (IA). A ideia, que permitiria a desenvolvedores de IA utilizarem conteúdo online de criadores sem a devida autorização, foi classificada pelo músico como uma ameaça direta à criatividade artística e ao sustento dos artistas.

A proposta prevê que desenvolvedores de IA possam minerar dados e textos disponíveis na internet para alimentar seus modelos, sem a necessidade de obter consentimento prévio dos criadores. Embora haja uma cláusula de “reserva de direitos”, que permitiria aos artistas optarem por não participar, críticos apontam que seria quase impossível para criadores monitorarem e controlarem o uso de suas obras em milhares de plataformas.

McCartney, em entrevista à BBC, destacou que a lei compromete a própria essência da criação artística, ao retirar dos artistas o incentivo financeiro e a sensação de propriedade sobre suas obras. “Quando éramos crianças em Liverpool, encontramos um emprego que amávamos, mas que também pagava as contas. Agora, você tem jovens escrevendo músicas lindas, mas sem ter qualquer controle ou recompensa por elas”, declarou o músico de 82 anos.

Para McCartney, o impacto vai além do financeiro: trata-se de uma questão de respeito à arte e ao esforço criativo. “Qualquer um que queira pode simplesmente roubar uma música”, alertou, ressaltando que o dinheiro gerado por essas criações continuará fluindo, mas será desviado para empresas e desenvolvedores de IA em vez de beneficiar os próprios artistas.

Ele mencionou que obras icônicas, como “Yesterday”, são frutos do trabalho árduo e da criatividade individual, que deveriam ser devidamente protegidos. “Nós somos o povo, vocês são o governo! Vocês deveriam nos proteger. Esse é o seu trabalho. Se vocês estiverem apresentando um projeto de lei, certifiquem-se de proteger os pensadores criativos, ou vocês não os terão”, concluiu.

A preocupação de McCartney reflete um temor crescente nas indústrias criativas. Músicos, escritores e artistas visuais vêm se posicionando contra o uso indiscriminado de IA, que muitas vezes replica estilos e utiliza conteúdos existentes sem oferecer compensação ou reconhecimento aos criadores originais.