Radiohead anuncia shows em formato circular e comenta possível setlist da aguardada volta aos palcos

27 de outubro de 2025

Após sete anos longe dos palcos, o Radiohead está prestes a retomar suas atividades com uma proposta ousada: os próximos shows da banda serão realizados em formato circular, com o público ao redor do palco — uma configuração que promete transformar a experiência sonora e visual das apresentações.

As primeiras datas acontecem entre 4 de novembro e 12 de dezembro, passando por Madri, Bolonha, Londres, Copenhague e Berlim, marcando o tão aguardado retorno da banda desde o encerramento da turnê de A Moon Shaped Pool (2018).


Uma nova perspectiva para o Radiohead

Em entrevista ao The Times, o baterista Philip Selway revelou que a ideia de tocar cercado pelo público “não é exatamente nova” — o grupo já havia experimentado algo parecido em 1993, quando abriu shows para o Ned’s Atomic Dustbin, no Canadá.
Mas, agora, o formato ganha outro peso: é o primeiro passo de um reencontro que vinha sendo adiado desde o fim da última turnê mundial.

O vocalista Thom Yorke explicou o hiato:

“As coisas estavam saindo do controle. Tivemos que parar antes que caíssemos no precipício. Eu também precisava de um tempo longe dos holofotes para lidar com o luto pela morte da Rachel.”

Rachel Owen, primeira esposa de Yorke, morreu em 2016, vítima de câncer, e o cantor contou que o período posterior foi “emocionalmente devastador”, o que o levou a se dedicar a outros projetos, como o The Smile e trilhas sonoras de cinema.


O comitê do setlist e a maratona de ensaios

O grupo revelou que está revisando cerca de 65 faixas para os novos shows — e que o processo tem sido intenso.

“Estamos aprendendo freneticamente”, admitiu Jonny Greenwood, guitarrista e cofundador da banda.

A escolha das músicas ficará nas mãos de um “comitê do setlist”, formado por Thom Yorke, Ed O’Brien e Philip Selway, que decidirá o repertório horas antes de cada apresentação.

“Temos músicas demais”, brincou Yorke. “Não há surpresas”, completou, em uma ironia ao clássico No Surprises.

O baixista Colin Greenwood contou que ele e o irmão Jonny foram excluídos das decisões por “serem muito indecisos”:

“Adotamos uma postura meio de artista de rua: podemos tocar qualquer coisa, em qualquer ordem, a qualquer hora.”


Política, boicotes e divergências

A entrevista também abordou o polêmico histórico da banda em relação ao conflito Israel-Palestina. Yorke declarou que não tocaria novamente em Israel, após as críticas que se seguiram à apresentação em Tel Aviv em 2017.
Jonny Greenwood, no entanto, discordou do colega, classificando a reação pública como “a personificação da esquerda”, e lamentou que o debate tenha se tornado um terreno polarizado.

O movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) voltou a pedir um boicote aos shows da banda, citando o “silêncio cúmplice” do grupo diante da crise em Gaza.


O retorno mais aguardado da década

Os próximos shows do Radiohead serão os primeiros sem novo material para divulgar desde 2016 — mas a banda não descarta surpresas.
Colin Greenwood deixou no ar a possibilidade de surgirem músicas inéditas durante a turnê:

“Nunca se sabe. Algumas coisas podem aparecer, ou não. Esse é o espírito.”

Com uma trajetória marcada por experimentação, melancolia e genialidade, o Radiohead retorna em 2025 em um formato simbólico: circular, envolvente e humano — talvez a configuração perfeita para uma banda que sempre enxergou a música como algo que deve cercar, provocar e transformar o ouvinte.

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