Retorno da Restart tem ‘estética bagunçada’ e menos pressão
3 de agosto de 2023
De volta aos palcos após oito anos de divórcio, Restart anunciou nesta semana que, a partir de outubro, fará a turnê “Pra Você Lembrar”, um adeus dos músicos à banda que, no início dos anos 2010, levou uma legião de crianças e adolescentes a ostentar calças ultracoloridas, óculos quadrados e cabelos lambidos.
Em vez do visual chamativo, os artistas surgem, agora, mais sutis. Não têm os aspectos, digamos, infantil e caricato que tanto marcaram a banda.
A mudança foi proposital, segundo Koba, guitarrista e compositor da Restart. Ele conta que os músicos sabiam que seria importante resgatar a estética colorida, mas, quiseram adaptá-lo às circunstâncias atuais — deles, da banda e dos fãs.
“Com o amadurecimento de nós quatro, a gente quis trazer as cores com uma pitada do estilo em que cada um se descobriu”, afirmou Koba. “Essa mistura acabou deixando a coisa esteticamente mais bagunçada. Mas é um bagunçado é legal.”
O velho novo
Com um repertório que, claro, resgata sucessos do grupo, como “Levo Comigo” e “Menina Estranha”, a turnê segue o mesmo caminho de projetos de bandas como NX Zero e Titãs, que recentemente também decidiram embarcar em shows nostálgicos, calcados unicamente na ideia do fan service.
Mas diferentemente dos grupos citados, sobretudo em relação aos Titãs, Restart ressurge de suas cinzas coloridas para celebrar uma carreira que teve pouco tempo de duração. Foram sete anos de banda — dos quais quatro são de sucesso estrondoso —, numa trajetória musical considerada por muitos como fraca demais para sustentar uma fama duradoura.
Após anunciarem o rompimento em 2015, Pe Lanza (vocalista e baixista), Pe Lu (vocalista e guitarrista), Thomas (baterista) e Koba (guitarrista e compositor) seguiram no setor, mas cada em trabalhos solo.
Nenhum dos músicos viveu um sucesso equiparável ao que, juntos, haviam experimentado antes. Ainda assim, dizem não se incomodar nem com a efemeridade da Restart nem com a repercussão de seus projetos individuais.
“Não é que a gente não se preocupe em fazer sucesso, sempre trabalhamos para isso. Mas o que mais nos motiva é a nossa sinergia musical”, diz Koba. “Se um dia isso ficasse estremecido, a gente iria conversar, e foi o que aconteceu. A amizade não ficou estremecida, mas a gente respeitou o momento pessoal de cada um [no fim da banda].”
Colorido e pressionado
Tanto as críticas mordazes quanto as paixões fervorosas despejadas sobre o grupo levaram a Restart a moldar seu comportamento dentro e fora do palco.
“Tinha uma pressão, uma responsabilidade muito grande”, afirma Thomas. “Hoje, a gente está num ar comemorativo, de 15 anos da banda, então, tudo está mais tranquilo. A gente não precisa provar nada para ninguém.”
No auge do sucesso do grupo, era comum ouvir seus integrantes afirmarem que não consumiam nenhuma droga, incluindo álcool. Os músicos teriam começado a beber anos mais tarde, quando estavam fora dos holofotes.
Segundo Pe Lanza, a escolha teve mais a ver com profissionalismo do que pressões externas.
“A gente era jovem, estava descobrindo muita coisa e se adaptando. E as pessoas nos tinham como espelho”, diz o baixista. “A banda era a principal relação entre nós, então, a gente tinha que cuidar bem disso, mesmo que [isso significasse] abrir mão de sair para um boteco e encher a cara com amigos.”
“Eu olho como profissionalismo. A gente se tornou um profissional muito cedo e teve que ter responsa do dia para noite. Mas não era nada forçado.
Em 2022, durante sua participação no reality “Power Couple”, Pe Lanza disse que, no auge da banda, viveu um “terror psicólogo”.
Segundo ele, seus empresários o pressionavam a manter a pose de solteiro — possivelmente, sob o argumento de que sua imagem como alguém indisponível a novos relacionamentos poderia causar frustração em fãs obcecadas.
A pressão sobre sua vida afetiva teria levado o cantor a romper um namoro com sua hoje esposa Anne Duarte.
Questionado sobre a declaração no reality, Pe Lanza se esquiva da pergunta, mas diz que fazia parte do jogo abrir mão de “regalias de coisas que gostariam de fazer”.
(Vale dizer que, ainda que possa ter sido pressionado a ser solteiro, o músico chegou a namorar publicamente a atriz Giovanna Lancellotti, na época de ouro da banda.)
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