Rita Lee: um marco da história do rock nacional e uma revolução de mulher

9 de maio de 2023

Rita Lee foi sem dúvidas nenhuma a maior artista feminina do Brasil, seu legado abriu espaço para outra mulheres a serem quem gostariam de ser, sem preconceitos, sem medos, com muita força e coragem para assumir suas personalidades. O que seria do mundo sem um ícone como Rita Lee?

Um ícone que revolucionou o rock e com criatividade explorou e cravou o espaço do tropicalismo no Brasil, na juventude formou uma das bandas mais importantes da nossa história, os Mutantes, e na sua carreira solo se tornou símbolo de liberdade e irreverência.

“Muito a frente do seu tempo” isso é o que todos pensam sobre Rita, sempre muito moderna, criativa, independente e uma voz para as mulheres durante os seus quase 60 anos de carreira.

Rita Lee, nasceu em São Paulo, as vésperas do ano novo, no dia 31 de dezembro de 1947. Filha de Charles Jones, dentista e de Romilda Padula, musicista, Rita sempre teve o incentivo da família para estudar música e a cantar com as irmãs Mary Lee Jones e Virgínia Lee Jones.  Lee é um nome composto que o pai das meninas queria registrar todas as suas filhas. Originalmente o seu nome planejado era para ser Bárbara, em homenagem à santa, mas no dia do seu batizado decidiram dar o nome da avó materna chamada Clorinda, mas tinha o apelido de Rita.

Desde muito jovem Rita mostrava que não era uma mulher comum, havia um tanto quanto de genialidade em seus discursos e comportamento. Poliglota, falava fluentemente português — sua língua materna — inglês, francês, castelhano e italiano.

Começou logo na adolescência a escrever e compor músicas junto com os seus amigos e com 16 anos passou a integrar um trio de vocais femininos, as Teenage Singers e fazia apresentações em festas e em escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Em 1964, foi convidada para participar de um grupo de rock chamado Six Sided Rockers, que depois de algumas mudanças na formação, Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias passariam a se chamar os Mutantes, em 1966.

Uma das bandas mais importantes do tropicalismo, unia ritmos regionais e a psicodelia dos anos 60, sendo considerados revolucionários e precursores do que seria um dos símbolos brasileiros no mundo, sendo idolatrados por grandes nomes como Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias

A banda ganhou proporções nacionais após acompanhar Gilberto Gil na sua apresentação “Domingo no parque” no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record, em 1967, e Caetano Veloso em “É proibido proibir” no 3º Festival Internacional da Canção, da Globo em 1968, dois marcos da tropicália. Os Mutantes também participaram do álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, de 1968, a gravação fundamental do movimento. 

Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).

O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saída dela dos Mutantes. O primeiro álbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela também lançou “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com o grupo.

Logo após deixar os Mutantes, Rita formou um novo grupo chamado Tutti Frutti, nele Rita nos presenteou com cinco álbuns, onde dentre eles há o marco “Fruto proibido”, de 1975, que tem as músicas “Agora só falta você”, “Esse Tal de Roque Enrow”, “Luz del Fuego” e “Ovelha Negra”.

Foi em 1979 que Rita então decidiu partir para uma carreira solo, acompanhada do seu marido Roberto de Carvalho e ingressou em uma nova fase, sempre com a mesma personalidade inigualável. O primeiro disco solo tinha o seu nome “Rita Lee” e nele tivemos os presentes “Mania de Você”, “Chega Mais” e “Doce Vampiro”. Em 1980 lançou outro disco com o seu nome “Rita Lee” e no repertório deste temos canções “Lança Perfume”, “Baila Comigo”, “Nem Luxo, Nem Lixo”, “Ôrra Meu”, “Shangrilá” e “Bem-Me-Quer”. Foi nesse disco que Rita mostrou que estava encantando até a realeza, o então Príncipe Charles declara que uma das suas artístas favoritas seria a própria, a Rita Lee.

E ela não parou, disco após disco sucessos que arrepiavam com letras que falavam tanto com as mulheres, com as pessoas que precisavam ouvir aquele discurso, mas principalmente conhecer o rock excêntrico da nossa rainha.

Em 1981, Rita e Roberto gravaram o disco “Saúde” com as músicas “Atlântida”, “Banho de Espuma”, e “Mutante”. Em 85 assumiram a dupla dinâmica e lançaram o disco “Rita e Roberto”, com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio. 

entre 1991 e 1995 Rita e Roberto deram uma hiato na carreira e no relacionamento, mas retornaram com uma turnê e um álbum intitulado “A marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, eles se casaram no civil após 20 anos juntos. 

Em 1996, sofreu um acidente no seu sítio, caindo da varanda após ingerir remédios, acabou se machucando, fraturando o maxilar. Desde então começou o seu processo de afastamento das drogas, em 2006, em uma entrevista para o “fantástico” revelou que somente naquele ano havia conseguido vencer os vícios.

Em 2001, Rita Lee ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com o disco “3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.

Foi em 2012, que Rita anunciou que pararia de fazer shows por conta da sua fragilidade física. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, ela escreveu no Twitter.  No mesmo ano, no dia 28 de janeiro, Rita fazia a sua última apresentação no Festival de Verão de Sergipe. E como tudo em sua vida, esse show seria marcado com o tempero venenoso da sua rainha. Após discutir com um policial, ela foi acusada de desacato à autoridade, e saiu do seu último show presa, mas foi liberada em seguida. 

Rita nunca mais fez turnês, mas chegou a fazer mais um show no Distrito Federal no fim de 2012, onde abaixou as calças para o público, e cantou no aniversário de São Paulo em 2013, ovacionada pelo público de sua cidade.

O seu último álbum foi lançado em abril de 2012, “Reza”, era o seu primeiro trabalho de inéditas em nove anos e nele temos músicas como “As Loucas”, “Bixo Grilo”, “Paradise Brasil” e “Reza”

Ao todo foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes, 34 na carreira solo. Obrigada Rita.

Para quem quer saber mais sobre detalhes da vida de Rita, tem como obrigação ler os livros que ela escreveu, o mais importante de todos é a sua autobiografia “Rita Lee: uma autobiografia”, o livro “Outra Autobiografia”, que está em pré-venda e também os livros “Amiga Ursa: Uma história triste, mas com final feliz” na literatura infantil. “FavoRita”, “Dropz”, “Storynhas” e “Rita Lírica” são outros livros escritos pela cantora.

Diagnóstico de câncer

Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão. Ela seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia. Quatro meses depois, ela lançou o último single da carreira, “Changes”, em parceria com o marido Roberto de Carvalho e o produtor Gui Boratto.

Em abril de 2022, seu filho Beto Lee escreveu que ela estava curada do câncer. Nos últimos anos, ela viveu em um sítio no interior de São Paulo com a família. Ela deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

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