Rolling Stone Elege as 100 Melhores Canções de Protesto: Um Olhar Sobre Vozes e Resistências da História da Música
30 de janeiro de 2025
Em tempos de agitação política e social nos Estados Unidos, a Rolling Stone americana decidiu mergulhar na relação entre música e ativismo. A revista revelou sua lista das 100 melhores canções de protesto já feitas, um ranking que explora como artistas ao redor do mundo usaram sua arte para amplificar vozes, denunciar injustiças e inspirar mudanças.
O Top 10 e as Vozes Que Marcaram Épocas
O primeiro lugar foi conquistado por “A Change is Gonna Come”, de Sam Cooke. Lançada em 1964, a música é tanto uma ode à esperança quanto um relato sobre a dura realidade do racismo nos Estados Unidos. Inspirada por um incidente em que Cooke foi impedido de se hospedar em um hotel devido à sua cor, a canção simboliza a promessa de um futuro melhor em meio à luta pelos direitos civis. Com versos como “It’s been a long, a long time coming, but I know a change is gonna come”, Cooke eternizou a fé em dias mais justos.
Entre os outros destaques, está Billie Holiday com “Strange Fruit” (1939), uma das primeiras músicas modernas a abordar o racismo de forma explícita. A canção, que descreve os linchamentos de negros no sul dos EUA, é um dos exemplos mais contundentes do poder da música para documentar horrores históricos. Já o terceiro lugar ficou com “Fight The Power” (1989), do Public Enemy, que serviu como trilha sonora do icônico filme de Spike Lee, Faça a Coisa Certa, e se tornou um hino para a luta contra a opressão sistêmica.
Outros nomes lendários incluem Aretha Franklin (“Respect”, 1967), uma celebração do empoderamento feminino e racial, e James Brown, cuja “Say It Loud, I’m Black And I’m Proud” (1968) ecoou o orgulho negro em meio às tensões raciais.
Não é surpresa que Bob Dylan seja o artista mais presente na lista, com três faixas: “Blowin’ In The Wind” (17º lugar), “Masters Of War” (6º lugar) e “The Lonesome Death of Hattie Carroll” (26º lugar). Conhecido por suas letras poéticas e poderosas, Dylan foi um dos maiores representantes do movimento folk nos anos 60, sendo um porta-voz informal das mudanças sociais de sua época. Suas músicas continuam sendo trilhas sonoras para o ativismo até hoje.
Embora a lista seja dominada por artistas dos Estados Unidos e do Reino Unido, há espaço para vozes globais que traduzem o espírito de resistência em diferentes contextos. Bob Marley, da Jamaica, aparece com sua mensagem universal de liberdade e amor. Da Nigéria, Fela Kuti trouxe à tona a luta contra regimes autoritários, enquanto o argentino Charly García foi lembrado com “Los Dinosaurios”, uma crítica ao terror da ditadura militar.
De “Fuck Tha Police” (N.W.A) a “Ohio” (Crosby, Stills, Nash & Young), a lista da Rolling Stone reforça que as canções de protesto não seguem um único padrão. Elas variam do folk introspectivo ao hip-hop inflamado, do soul transformador ao punk anárquico. O que une todas essas obras é sua capacidade de transformar indignação em expressão artística, de fazer do palco uma plataforma de resistência.