Sister Rosetta Tharpe, pioneira do rock, vai ganhar (finalmente) uma cinebiografia

26 de março de 2025

A história da mulher que inspirou Elvis, Chuck Berry, Little Richard e praticamente todos os pais do rock finalmente vai ganhar as telas de cinema, com Lizzo no papel principal. A artista vencedora do Grammy e conhecida por hits como “Truth Hurts” e “About Damn Time” será Sister Rosetta Tharpe em Rosetta, nova cinebiografia da Amazon MGM Studios.

Ainda em desenvolvimento, o filme promete revisitar momentos decisivos da trajetória de Tharpe, uma figura muitas vezes esquecida pela história oficial do rock, mas cuja influência atravessou gerações. O roteiro ficará por conta de Natalie Chaidez (A Comissária de Bordo) e Kwynn Perry (The Burned Photo), e a produção terá nomes de peso como Forest Whitaker e Nina Yang Bongiovi, além da própria Lizzo.

Muito antes do palco ser ocupado por guitarras distorcidas, solos incendiários e vozes rasgadas, Sister Rosetta Tharpe já fazia tudo isso, e muito mais. Nascida em 1915, no Arkansas, e criada no ambiente da música gospel, ela uniu fé, ritmo e ousadia para criar algo que ninguém havia ouvido. Aos 7 anos, já tocava guitarra pelo sul dos EUA com sua mãe, evangelista itinerante. Anos depois, em Chicago, daria início à revolução sonora que só seria devidamente reconhecida décadas depois.

Com seu timbre poderoso e habilidade única nas seis cordas, tocadas com força, suingue e distorção, Tharpe atravessou o jazz, o blues e o gospel, criando o alicerce do que viria a ser o rock and roll. Ainda nos anos 1940, já fazia shows lotados em arenas e influenciava músicos que hoje são mitos, como Elvis Presley, Johnny Cash e Keith Richards. Chuck Berry, um dos pilares do rock, teria dito que sua carreira foi, na verdade, uma imitação da dela.

Para interpretar Tharpe, não basta cantar bem ou tocar guitarra. É preciso entender o peso da história, da representatividade e da ousadia de uma mulher negra ocupando um espaço que até hoje tenta lhe negar o crédito. Lizzo parece ser a escolha perfeita: além de cantora e flautista, já mostrou domínio com a guitarra em apresentações recentes, como em “Love in Real Life”, e tem presença de palco suficiente para dar vida à energia contagiante de Tharpe.

Além disso, a cantora de 36 anos também vai atuar como produtora do filme. Com isso, Rosetta ganha não só uma intérprete de peso, mas uma colaboradora criativa comprometida com a valorização dessa figura histórica.

Apesar de ter moldado os contornos do rock com décadas de antecedência, Sister Rosetta Tharpe só teve seu devido reconhecimento em 2007, ao entrar no Blues Hall of Fame, e em 2018, no Rock and Roll Hall of Fame. A essa altura, já havia morrido há mais de 40 anos, vítima de um derrame em 1973, aos 58 anos.

Se o rock nasceu de uma mistura de ritmos negros com a rebeldia do pós-guerra, então Rosetta foi sua parteira. Foi ela quem eletrificou a fé, fez a guitarra cantar como nunca antes e abriu o caminho para que os nomes masculinos ganhassem os holofotes. Agora, com o cinema finalmente voltando os olhos para essa história, o público poderá conhecer e reconhecer a verdadeira origem do rock and roll.

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