Há cem anos nascia o curitibano Cesar Lattes, reconhecido como referência mundial da Física
11 de julho de 2024
Na década de 40, com apenas 23 anos, ele descobriu o Meson Pí ou Pion, estrutura que explica a estabilidade da matéria, que é tudo que nos rodeia, tem peso e ocupa espaço.
Nesta quinta-feira (11) se comemora o centenário do físico Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes, que se tornou mundialmente conhecido com uma descoberta inédita na Física, na década de 40.
Nascido em 11 de julho de 1924, em Curitiba, César Lattes graduou-se em física e matemática, pela Universidade de São Paulo (USP) e com apenas 19 anos tinha trabalhos publicados em revistas internacionais de Física falando sobre a origem dos elementos do universo.
Com 23 anos, ele descobriu o Meson Pí ou Pion, estrutura que explica a estabilidade da matéria, que é tudo que nos rodeia, tem peso e ocupa espaço.
Uma das mais marcantes homenagens ao físico paranaense é que o sobrenome dele foi atribuído ao maior sistema de currículos virtuais, criado e mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), a plataforma Lattes.
Ele foi casado com Marta Siqueira Lattes e teve quatro filhas. Lattes morreu em 2005, em Campinas, aos 80 anos.
Descoberta inédita
De acordo com a física, professora da Universidade Estadual de Campinas e ex-aluna de Lattes, Carola Chinelatto, no inicio do século vinte já era de conhecimento da ciência que a matéria era composta por átomos e que tinha um núcleo onde elétrons giravam em torno.
Na década de 30, descobriu-se que dentro do núcleo dos átomos haviam prótons e nêutrons. Nesta época, segundo a professora, um estudioso previu teoricamente, a existência de uma partícula, que nas contas dele, teria uma massa, o meson, meio, que ficava entre a massa do elétron e a massa do próton.
“Os estudos do professor Lattes é que comprovaram a existência dessa massa, partícula. O meson Pí é tão importante porque ele é a cola, é responsável pela força nuclear, para juntar os prótons e compensar aquela tendência de um próton para cada lado. Os mésons fazem os núcleos terem estabilidade para os prótons se juntarem formando um núcleo atômico. Sem ela não teria uma matéria estável”.
A descoberta de Lattes rendeu um prêmio Nobel ao chefe do grupo de pesquisa do laboratório, Cecil Powell da Universidade de Bristol, Inglaterra.
Mas apesar do reconhecimento mundial, Lattes gostava de dizer que não era cientista, preferia ser chamado de professor, como relatou em entrevista ao programa Meu Paraná em 1995.
“A palavra cientista me incomoda um pouco, dá impressão de professor pardal e também do camarada o cientista, que é um ser amoral, que não está preocupado com o que vai acontecer com a descoberta dele. Então eu não sou cientista, eu sou professor.”
Lattes retornou ao Brasil após os estudos no exterior e foi professor na Unicamp e USP.
As pesquisas de Lattes renderam a ele diversas premiações, como o Prêmio Einstein, em 1950, o Fonseca Costa, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciêntífico e Tecnológico (CNPQ) em 1958, o Bernardo Houssay, da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1978, e o Prêmio da Academia de Ciência do Terceiro Mundo (TWAS), em 1988.
Ele também foi tema do samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira em 1947. A música Ciência e Arte, foi uma parceria de Cartola e Carlos cachaça. Em 1997 a canção foi regravada por Gilberto Gil no álbum Quanta, premiado com o Grammy na categoria World Music.
Educação
A educação era algo que Lattes valorizava como ele declarou em 1995, em entrevista ao programa Meu Paraná, da RPC.
“Eu acho que os economistas que ficam dando opiniões pro governo, deviam dar ao governo um plano em que não se preocupassem em maximizar os lucros de empresa e se preocupassem em maximizar a educação do povo. Porque com a educação, qualquer um vai depois. Educação, não estou falando de ensino.”
Via Portal G1 Paraná