Morre Nana Caymmi, ícone da música brasileira, aos 84 anos

2 de maio de 2025

Faleceu nesta quinta-feira, 1º de maio, a cantora Nana Caymmi, uma das vozes mais marcantes da música brasileira. Ela estava internada na Clínica São José, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e tinha 84 anos. A informação foi confirmada pelo irmão, o também músico Danilo Caymmi, por meio de uma publicação nas redes sociais.

“Estamos todos muito chocados e tristes. Foram nove meses de sofrimento em UTI, um processo muito doloroso, de várias comorbidades”, disse ele em vídeo publicado no Instagram.

Embora a causa oficial da morte não tenha sido divulgada, Danilo informou ao jornal O Globo que a irmã sofreu uma overdose de opioides na última terça-feira. Nana estava internada desde agosto de 2023.

Uma trajetória de voz firme, escolhas intensas e personalidade marcante

Filha de Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Dinahir Tostes Caymmi nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de abril de 1941. Começou sua carreira nos anos 60 ao gravar “Acalanto”, composição do pai em sua homenagem. Logo lançou o primeiro disco solo, com as faixas “Adeus” e “Nossos Beijos”.

Em 1966, venceu o Festival Internacional da Canção com a interpretação de “Saveiros”, composição do irmão Dori Caymmi em parceria com Nelson Motta. Foi casada com Gilberto Gil entre 1967 e 1969, e com João Donato nos anos 1970.

Com uma voz inconfundível, Nana se destacou por interpretações emocionadas de canções de Tom Jobim, Milton Nascimento, Vinicius de Moraes e tantos outros grandes compositores. Nos anos 1990, seu talento foi amplamente reconhecido com o sucesso dos álbuns Bolero (1993) e Resposta ao Tempo (1998), que lhe rendeu Disco de Ouro.

Nana nunca teve medo de se posicionar. Em 2019, gerou polêmica ao declarar apoio a Jair Bolsonaro e criticar artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil. “Se quiser me cancelar, cancela. Não deixei de comer por causa disso”, disse à época.

Apesar das controvérsias, sua importância para a música brasileira é inegável. Ao longo de mais de cinco décadas, construiu uma carreira sólida, marcada por autenticidade, potência vocal e uma entrega rara nas interpretações.