“É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo” se renova 5 décadas após o seu lançamento. Saiba mais sobre a composição
24 de janeiro de 2025
Mais de cinco décadas após seu lançamento, a canção “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, ganha nova vida ao integrar a trilha sonora do filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles. A obra, lançada em 1971 no álbum Carlos, Erasmo, agora ressoa em um contexto contemporâneo, reafirmando sua relevância social e emocional ao acompanhar um dos filmes brasileiros mais aclamados internacionalmente.
Nesta quinta-feira (23), “Ainda Estou Aqui” fez história ao ser indicado a três categorias no Oscar 2025: Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz (para Fernanda Torres) e Melhor Filme, tornando-se o primeiro longa brasileiro a concorrer na principal categoria da premiação. A presença da música no filme ressalta seu impacto atemporal, conectando passado e presente por meio de sua mensagem de transformação e resistência.
A Redescoberta de Um Clássico: O Impacto de “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo” nos Dias Atuais
Composta em 1971 por Roberto Carlos e Erasmo Carlos, “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo” é uma daquelas músicas que transcendem o tempo. Originalmente lançada no álbum Carlos, Erasmo, foi lançada em meio à ditadura militar (1964-1985), a música nasceu em um período de censura e repressão. Embora não fosse abertamente política, sua mensagem implícita de inconformismo com o status quo capturou o espírito de uma geração que ansiava por liberdade. Versos como “Mas não vou ficar calado / No conforto, acomodado / Como tantos por aí” reverberaram profundamente em uma sociedade sedenta por mudanças.
Em um contexto completamente diferente, mais de cinco décadas depois, “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo” encontra um novo significado ao embalar a história de “Ainda Estou Aqui”. O filme, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, narra a trajetória de Eunice Paiva, uma mulher que se transforma em símbolo da luta pelos direitos humanos após o desaparecimento do marido durante a ditadura. A inclusão da música reforça a mensagem de resistência e ação, agora ampliada por um alcance global graças ao reconhecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
A atemporalidade de uma mensagem
Além de seu impacto histórico, a canção destaca-se por sua musicalidade marcante, que mistura elementos de rock e soul. Os arranjos com metais e o ritmo envolvente fazem dela uma peça única no repertório de Erasmo e Roberto Carlos, refletindo uma fase experimental na carreira da dupla.
O retorno da canção às paradas de sucesso comprova sua capacidade de dialogar com o público contemporâneo. Plataformas de streaming registraram um aumento significativo em suas reproduções desde o lançamento do filme. A repercussão internacional do longa e suas indicações ao Oscar não apenas colocam o Brasil em evidência, mas também dão ao clássico de Roberto e Erasmo a chance de conquistar ouvintes de todas as partes do mundo.
Um legado que nunca se apaga
A parceria entre Roberto e Erasmo Carlos já produziu inúmeros sucessos, mas “É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo” tem um lugar especial na discografia da dupla. Seu retorno ao cenário cultural, agora com um impacto global, é uma prova de que algumas mensagens são eternas. A música, assim como o filme que a reviveu, continua a inspirar reflexões e a provocar mudanças – exatamente o que Roberto e Erasmo sugeriram há mais de 50 anos.
Ao trazer a música como parte da trilha sonora, “Ainda Estou Aqui” não apenas presta homenagem a um clássico da música nacional, mas também amplifica sua mensagem de engajamento e mudança para um público global, especialmente em um momento em que o cinema brasileiro alcança novo patamar de reconhecimento.