POPLOAD FESTIVAL 2022: DECISÕES ACERTADAS

19 de outubro de 2022

Por Carlos Eduardo Oliveira

Passando em revista a recente edição do Popload Festival 2022, dito e feito: ao anunciar a mudança do evento para o Centro Esportivo Tietê, em São Paulo, a produção marcou gol de placa.

A chuva bem que tentou bancar a madrasta, mas passou rápido e permitiu que as inúmeras redes de balanço armadas nas árvores voltassem a ser disputadas. Sim, o verde fez toda a diferença.

Como festival de médio porte (14 mil pessoas), tudo pareceu funcionar bem: filas ok, comida e bebida a preços razoáveis, banheiros limpos e operantes o dia todo.

E tomara que Jup do Bairro, que abriu o festival, e o Popload façam logo as pazes. A artista teve o som cortado ao final de sua apresentação e estrilou. Uma pena, já que ambos tem tudo a ver.

Antes das atrações principais, Chet Faker (persona artística do australiano Nick Murphy) tentou (e não conseguiu) animar a galera. Sozinho em cena, alternando-se entre teclados e guitarra, o rapaz, simpático, de bom registro vocal, só agradou a fiéis de carteirinha – seu show marcou o auge das filas de cerveja.

E veio Jack White. Chutando a porta: à introdução com MC5 e o petardo Kick Out the Jams, o ex-White Stripes atacou em ritmo quase punk com Taking Me Back e Fear of the Dawn. Parecendo sinceramente devotado ao público e dividindo (muitos) vocais com o tecladista Quincy MacCrary ao longo da apresentação, White, vestindo calça de gari (!), entregou momentos da carreira solo e de seus múltiplos projetos (Raconteurs, The Dead Wheater), especialmente, claro, do W.S. (seis, ao total). Em alguns momentos o show caia um pouco. Mas o fecho da noite com Fell in Love With a Girl e o hino Seven Nation Army armou o clima para a cereja do bolo.

Com a ciência de sua estatura como headliner, o Pixies teve a segurança de abrir mão do telão de fundo de palco em prol de um set próprio de iluminação. Que funcionou muito bem.

– Hoje é a noite dos indies véios, brincou, bem humorado, um gaiato.

Nem tanto assim. Com décadas de estrada entre idas e vindas, impressiona a fidelidade de um público sênior ao grupo criado em 1986 pelo cantor e letrista “weirdo” Black Francis, lado a lado com um crescente culto juvenil. E que show presenciaram!

Gouge Away instalou a festa. Em cena o Pixies se agiganta. Se a Gibson Les Paul de Joey Santiago fornece as texturas e camadas por onde o som da banda realmente trafega – supostamente a segunda guitarra, ao longo de 2/3 do show Black Francis dedilha um violão acústico –, a pegada funcional de David Lovering na bateria dialoga com as quatro cordas de Paz Lenchantin, formando uma “cozinha” segura – a baixista dá conta da missão de substituir a antecessora, Kim Deal.

O grande bônus da noite veio com Vault of Heaven, Who’s More Sorry Now? e There’s A Moon On, candidatas a singles do novíssimo álbum Doggerel, lançado há poucas semana atrás.

Na reta final, os hits Here Comes Your Man, Wave of Mutilation e, claro, Where Is My Mind?,completaram a festa.

Um show do Pixies sem o megahit Monkey Gone to Heaven é algo quase imperdoável. Mas as almas estavam tão lavadas que ninguém ligou.

E Black Francis? Entrou mudo e saiu calado. Nem um “boa noite” deu. Mas isso, todos já sabiam, é parte do folclore Pixies.

Face a um “namoro” que já existiu no passado e a shows pontuais que, garante a produção, continuarão a passar por Curitiba, fica a torcida para uma versão integral do Popload Festival na cidade.

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