Saiba a origem do dia de são Valentim

14 de fevereiro de 2023

O dia 14 de fevereiro é celebrado no mundo inteiro o Dia de São Valentim ou melhor, o dia dos namorados é comemorado em QUASE todo o mundo nesta data. Mas aqui no Brasil o dia acabou ficando outro, por conta de uma ação publicitária em 1940, feita por João Dória (pai do atual governador de São Paulo, João Dória) que acabou tendo grande sucesso, levando a oficializar o dia 12 de julho como o dia dos namorados no Brasil.

A história do santo Valentim tem algumas versões, a primeira delas, seria de um Bispo chamado Valentim, que dedicou a sua vida a celebrar casamentos entre guerreiros e soldados, durante o império romano de Marco Aurélio Cláudio (214-270), imperador que havia decretado que e os seus guerrilheiros não firmassem relações de casamento, para se dedicarem totalmente ao exercito. Diz-se que o bispo Valentim arriscava sua vida, para celebrar o amor e os laços matrimoniais dos soldados. Também há relatos de quem o bispo, distribuía rosas pelas ruas. E narrativas que dizem ter havido um Valentim que recortava corações de pergaminho e entregava aos soldados, para que esses olhassem para tais cartões e relembrassem de suas amadas.

Além dessa história, existem nos registros de santos do catolicismo, pelo menos onze de nome Valentim, sendo três deles — conforme aponta o estudioso de hagiografias Thiago Maerki, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos — protagonizaram relatos com mensagens de amor.

O Dia dos Namorados no Brasil

No Brasil, o Dia de São Valentim não pegou. Segundo Lira, a principal culpa é de outro santo, Santo Antônio (1191-1231). Considerado o santo mais popular do Brasil, ele tem fama de casamenteiro.

“Desde muito cedo, a devoção a ele foi trazida pelos franciscanos ao Brasil”, comenta o hagiólogo.

“Como sua história diz que ele costumava ajudar às noivas que não possuíam dote a consegui-lo para poderem se casar, acabou se instituindo a véspera de seu dia, o 12 de junho, como o dia dos namorados. Era natural que sua fama de santo casamenteiro também o tornasse o santo padroeiro dos namorados.”Tela do século 18 ilustra São Valentim — Foto: DOMÍNIO PÚBLICO/via BBC

Por uma jogada de marketing, é claro. No fim dos anos 1940, o publicitário João Doria (1919-2000), pai do atual governador de São Paulo, seu homônimo, criou uma campanha para uma loja com essa ideia e a data acabou se tornando um sucesso.

E por que a Igreja deixou de celebrar São Valentim? Bom, primeiro é preciso ressaltar que a mensagem do “santo do amor”, tenha ele existido ou não, não foi abolida pelo cristianismo.

Em 2014, papa Francisco reuniu 20 mil casais de 25 países diferentes na Praça São Pedro para celebrar a data, enfatizando a importância do “compromisso no casamento”.

“Foi um esforço de Francisco em devolver à festividade um sentido religioso”, comenta Maerki.

Em Roma, a ideia de celebrar São Valentim é forte, tanto que na ponte onde acredita-se que ele tenha sido martirizado era costume que os namorados fechassem um cadeado no poste e jogassem as chaves nas águas do rio.

“O excesso de peso dos cadeados no poste fez com que, em 2007, houvesse um colapso elétrico, que mais tarde forçou a tradição a se encerrar cinco anos mais tarde”, conta Lira.

Na dúvida, Igreja reduziu sua importância

O que ocorreu é que muito provavelmente toda a construção biográfica do Valentim — ou do conjunto de Valentins — tenha sido recheada de ficção.

E a partir do Concílio Vaticano 2º, houve um esforço da Igreja “de eliminar a memória de santos que teriam uma origem possivelmente lendária, ou seja, que não passasse de uma construção mitológica”, explica Maerki.

“Durante o Concílio discutiu-se a necessidade de confirmação da existência de determinados santos”, frisa Lira.

“Em face disso, alguns tiveram a celebração obrigatória convertida em facultativa. São Paulo VI (1897-1978), papa, em 1969, reformou o calendário da celebração dos santos e a memória de São Valentim passou a ser facultativa.”

“Isso ocorreu, principalmente, pela existência de mais de um Valentim no martirológio e sem muitos detalhes a respeito da existência deles. As atas dos martírios ficavam a cargo de cada Igreja, o que não dava para dar veracidade plena aos dados”, acrescenta o hagiólogo. Muito tempo depois é que passou a haver a preocupação com maiores critérios para se declarar um cristão santo.”

Maerki comenta que é “muito difícil falar que São Valentim não existiu” simplesmente, porque “enquanto memória, ao menos, ele existiu e existe, já que até hoje é celebrado por muitos grupos dentro da Igreja”.

Paes de Barros complementa dizendo que, naquele momento, “a Igreja Católica percebeu que todos eles [os Valentins] careciam de valor histórico”. Ao analisar a documentação e os relatos disponíveis, foram notadas discrepâncias históricas e coincidências em figuras sepultadas em lugares diferentes, por exemplo.

Mas se sepulturas de santos acabam sendo pontos de peregrinação religiosa, há pelos menos três lugares importantes na Itália quando se pensa em São Valentim.

Em Roma, a Basílica de Santa Maria em Cosmedin guarda em um relicário um crânio atribuído a São Valentim. Os restos mortais correspondentes estão na Basílica de São Valentim, na cidade de Terni — um dos personagens históricos que se tornaria São Valentim foi bispo de Interamna, hoje Terni, na Úmbria.

Também na Itália, a Igreja de São Jorge, em Monselice, na província de Pádua, tem uma tumba com restos mortais atribuídos a outro dos Valentins.

Especialista na reconstituição facial de santos e outras personalidades antigas, o designer brasileiro Cícero Moraes recriou em 3D ambos os Valentins, a partir de imagens de seus bem-conservados crânios.

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